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Greve dos caminhoneiros faz preços de vegetais triplicarem na Capital

on sex, 25/05/2018 - 07:47
sexta-feira, 25 Maio, 2018 - 07:45

Foto: Rafael Ribeiro / Correio do Estado

 

Muito além das bombas de gasolina nos postos, os campo-grandenses começam a sentir os efeitos do quarto dia de greve dos caminhoneiros no País nas gôndolas dos supermercados, com reflexos, claro, nos bolsos.

O Portal Correio do Estado percorreu estabelecimentos do tipo na tarde desta quinta-feira (24) e encontrou preços já muito acima do usual na seção de hortifruti, principal produtos com saída constante e que tem origem em outros estados, como cebola, tomate e batata.

No caso da batata, se o produto era encontrado em promoções até a R$ 1,30 o quilo no início deste mês, o valor quase triplicou. Na região norte da Capital, o valor beirava até R$ 6 na mesma quantidade em alguns supermercados.

"Estamos há dois dias sem receber novos carregamentos. O abastecimento vem (do interior) de São Paulo e não está sendo feito. O que sobrou foi isso. O valor está alto, mas é só o que temos. Na hora que acabar, acabou", desabafou um funcionário de um supermercado no bairro Nova Lima.

No bairro vizinho da Mata do Jacinto, apesar do preço mais baixo, a situação era mais caótica nos estoques de um estabelecimento. Apenas 15 quilos de cebola à disposição dos clientes. "Até buscamos soluções, no Ceasa, nos atacadistas e conseguimos alguma reposição. Mas isso influencia o preço. Não compran do diretamente com o fornecedor, fica mais caro e é isso que temos", explicou o gerente, que pediu para não ser identificado, pedindo desculpas pelo preço de quase R$ 5 pelo quilo do produto.

Longe dali, no Piratininga, na região sul, a situação é semelhante: preços inflados e declarações de estoques curtos. Mas não apenas dos vegetais. Em um supermercado, o gerente, também pedindo anonimato, diz que até frango e congelados estão no limite.

"Estamos avaliando como ponderar essa situação, se compramos de outros estabelecimentos, mas isso influenciaria os preços", explicou. Segundo, a decisão é por esperar até o fim do final de semana, avaliar o que de fato tem saída e o quanto podemos cobrar sem onerar nossos clientes."

 

COMPREENSÃO

 

Parte mais interessada - e afetada - de todo o processo, os clientes seguem a linha tênue entre a compreensão pelas reivindicações dos caminhoneiros e arevolta pela subida dos preços.

É o caso da dona de casa Adélia de Jesus, 55 anos, moradora do Vida Nova, região norte, que encarou o preço alto pelo gosto por tomates, mas elogiou a posição dos caminhoneiros. "A gente tem que apoiar eles, alguém tem de fazer alguma coisa para tornar esse País melhor. Faz parte pagar mais caro. Tudo para melhorar nossa condição de vida", disse, exbindo os preciosos vegetais.

Nem por isso, contudo, ela mantém os cardápios habituais. Diz ter só quatro batatas em casa, se assutou com o preço e disse que ele estará fora da dieta até que os preços abaixem. "Vou substituir pela mandioca mesmo."

Substituições na panela também foi a solução encontrada pela dona da casa Cristina Mota, 34, moradora do Jardim Colombo, região norte. Sem alternativas, ela rodava supermercados da região junto da filha, de 12, de bicicleta. "Está difícil encontrar cebola a preço justo. O jeito é pagar caro mesmo", disse, acreditando que a situação irá se agravar.

 

FUTURO

 

Pela manhã , a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas) projetou falta de mercadorias nos estabelecimentos a partir de sábado (26) caso a paralisação nacional dos caminhoneiros continue e os produtos não sejam entregues. Se isso ocorrer, supermercados vão começar a fechar as portas, avalia o presidente Edmilson Veratti.

Os primeiros produtos que começaram a faltar foram os hortifruti, em que 40% dos tipos já não estão mais disponíveis nas prateleiras. “Ninguém recebeu mercadoria essa semana. Depois do hortifruti, os próximos a faltar serão os produtos perecíveis. Provavelmente a partir de sábado já comecem a faltar”, afirmou o presidente da associação.

Ainda conforme o presidente da Amas, não há como racionar e limitar a compra dos produtos pelos clientes, assim como fazem os postos de combustíveis que vendem apenas 20 litros por motorista em algumas situações.

“Não há como limitar dessa forma. Causaria ainda mais tumulto e confusão. Vamos vender até que acabe e se acabar realmente, vamos fechar as portas”, completou.


Fonte: Correio do Estado