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'Injustiça', diz suspeita de organizar rituais para torturar menino em MS

on qua, 02/03/2016 - 07:12
quarta-feira, 2 Março, 2016 - 07:15
A idosa de 60 anos apontada como responsável por organizar os rituais de magia negra, em que um menino de 4 anos era torturado, em Campo Grande, disse na tarde desta terça-feira (1º) que se sente injustiçada. Ela foi presa em Aquidauana e chegou por volta das 15h30 (de MS) à Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) da capital sul-mato-grossense.
 
A mulher é a quarta pessoa presa suspeita de participação no crime contra o menino. Ela chegou algemada à Depca, negou as acusações e disse à imprensa que é evangélica.
Além dela, um rapaz de 18 anos - primo da criança - e o casal de tios-avós, que tinham a guarda judicial do menino, estão presos. Entre os presos está a mulher de 31 anos que é filha da idosa e, em razão disso, é considerada avó adotiva da criança.
 
Desde a semana passada, quando o menino foi internado com múltiplas lesões e ferimentos graves, ela nega que sabia ou tenha participado das sessões de violência. Ao contrário dela, os outros três presos confessaram as agressões ao menino.
 
Prisão
A mulher de 60 anos, suspeita de organizar os rituais de magia negra, nos quais a criança era agredida, segundo informou o delegado Paulo Sérgio Lauretto, titular da Depca, foi presa nesta terça-feira em Aquidauana, a 131 quilômetros de Campo Grande.
 
"Temos informação de que seria ela a mentora de todo esse ritual. Desde o primeiro momento em que essa criança passou a ser vítima desse tipo de tratamento, essa senhora estava presente", afirmou o delegado.
A mulher é considerada avó adotiva do menino e chegou a prestar depoimento para a polícia no começo das investigações. Na época, ela negou que soubesse das agressõe, de acordo com Lauretto.
 
Vizinhos
O menino morava com os tios-avós e duas filhas do casal em uma residência no Centro de Campo Grande. Os vizinhos não desconfiavam das agressões.
 
"Nunca vi nem um barulho, nunca achei nada de anormal", afirmou uma pessoa que não quis se identificar. Outro vizinho comentou que não via o menino. "Via ela, o sobrinho e as duas filhas dela, mas o menino não, nunca apareceu aqui na frente", ressaltou.
 
As agressões foram descobertas durante visita surpresa da equipe da unidade de acolhimento onde o garoto vivia antes.
 
A criança foi internada na Santa Casa com ferimentos e sinais de tortura na terça-feira (23) e o caso chocou profissionais das polícias militar e civil, Conselho Tutelar e médicos.
 
Tios-avós
O tio-avô, de 46 anos, e a esposa dele, de 31 anos, que tinham a guarda judicial do menino desde maio de 2015, estão presos e confessaram o crime, alegando que agiam sob influência de uma entidade espiritual. Eles também afirmaram que agrediam a criança em situações fora dos rituais de magia negra. 
 
Investigação
Além dos três presos, foram ouvidos a avó materna adotiva - mãe da suspeita -, as duas filhas biológicas do casal suspeito e a vítima.
 
As filhas do casal afirmaram para a polícia que o menino era "super apegado" com a suspeita, mãe delas.
Lauretto disse que o menino "estava muito traumatizado, assustado e sob efeito de medicamento" quando foi ouvido por psicólogos no hospital, por isso, não foi considerado depoimento.
 
Família
O homem preso é irmão da avó paterna biológica do menino. Ele e a esposa teriam sido os familiares mais próximos interessados na guarda da criança, depois que a avó paterna devolveu a criança à Justiça alegando que não tinha condições de cuidá-la.
Segundo a polícia, os pais biológicos do menino são usuários de droga e o abandonaram. Em depoimento, a tia-avó contou que quis adotar a criança com intenção de utilizá-la em rituais de sacrifício.

G1MS