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Pesquisa revela que 20% da população de MS brigou com amigos ou familiares nas eleições

on seg, 02/01/2023 - 22:04
segunda-feira, 2 Janeiro, 2023 - 22:00

Um velho ditado popular aconselha que sobre política, futebol e religião não se discute, porém, nos últimos anos, principalmente no primeiro item, esse conselho foi deixado de lado. Se há algum tempo muita gente não conseguia falar sobre futebol ou religião sem discutir, xingar ou brigar, hoje, a política, devido a polarização entre “esquerda” e “direita”, ganhou a preferência do povo brasileiro.

Imagem: reprodução

Nas mídias sociais, principalmente no WhatsApp, nos últimos anos, foi comum encontrar uma enxurrada de conteúdo político, com memes, piadas, zueiras, críticas e muito conteúdo depreciativo. Em razão disso, o Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), por solicitação do Correio do Estado, realizou, no período de 19 a 21 de dezembro deste ano, nos 15 maiores municípios de Mato Grosso do Sul, uma pesquisa para saber se as pessoas brigaram com amigos e familiares por divergência política durante a campanha eleitoral deste ano.

O resultado foi que 20,65% dos entrevistados disseram que brigaram com amigos e parentes por política durante a campanha eleitoral deste ano, enquanto 79,35% falaram que não. No caso de Campo Grande, o percentual foi um pouco maior, com 24,88% responderam que brigaram, enquanto nas cidades de Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã, Corumbá, Naviraí, Aquidauana, Nova Andradina, Sidrolândia, Paranaíba, Maracaju, Coxim, Amambai, Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste 16,42% disseram que tiveram atritos com amigos e familiares na campanha eleitoral.

Já no caso das pessoas que não tiveram qualquer tipo de desavença com amigos ou parentes na campanha eleitoral, nas 14 cidades do interior 83,58% responderam sim, enquanto na Capital o percentual ficou em 75,12%. A pesquisa IPR/Correio do Estado ainda questionou aos entrevistados que responderam sim para a pergunta se tinham brigado com amigos e familiares durante a campanha eleitoral deste ano se eles já tinham feito as pazes.

A maioria, ou seja, 77,11% dos entrevistados, disse que fez as pazes, enquanto 22,89% falaram que ainda estão brigados com amigos e parentes por causa de política. Em Campo Grande, 76% informaram que já fizeram as pazes, enquanto nas 14 cidades do interior pesquisadas o percentual foi de 78,79%. Já no caso dos que não fizeram as pazes, na Capital o percentual chegou a 24% e nas cidades do interior ficou em 21,21%.

O método utilizado na pesquisa é a amostragem por conglomerados e a margem de erro considerada é de 4,9 pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%, sendo que para tanto foram entrevistadas 402 pessoas.

Percentual preocupante

Para o diretor do IPR, Aruaque Fressato Barbosa, o percentual apresentado pela pesquisa é preocupante. “Ao analisar a pesquisa, que apontou que mais de 20% da população brigou com amigos ou familiares, 1/3 ainda não fez as pazes, ou seja, um comportamento social atípico. Imagina se cada eleição tivesse esses percentuais?”, questionou.

Ele acrescentou que, desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o Brasil começou essa polarização de direita e esquerda, antes, não tinha isso. “Na minha opinião, é um percentual alto e relacionado a uma campanha só, imagina se nas eleições municipais de 2024 mais 20% da população brigar e, assim, sucessivamente. Temos de rever esses conceitos para amenizar esses conflitos”, aconselhou.

Aruaque Barbosa recordou que a velocidade de informação para a população, tanto em nível nacional, quanto estadual acabou provocando esses conflitos. “Se pararmos para lembrar, por exemplo, no primeiro turno, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu voto no candidato Capitão Contar (PRTB), em uma quinta-feira à noite, na sexta-feira e no sábado, os números das pesquisas já tinham mudado”, ressaltou.

O diretor do IPR completou que, no segundo turno, quando o então candidato a governador Eduardo Riedel (PSDB) foi melhor no debate, também houve uma disparada no crescimento dele em relação ao adversário. “Isso mostrou que a população está mais atenta com relação aos candidatos e as redes sociais deram esse espaço para que as pessoas opinassem a respeito desses assuntos”, pontuou.

Com isso, conforme ele, teve as divergências familiares e entre amigos, gerando conflitos, inflamados com a polarização entre os então candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). “Em Mato Grosso do Sul, tivemos passeatas, protestos nas frentes dos quartéis do Exército e até brigas. Algo realmente muito preocupante e que precisa ser avaliado”, finalizou.


Fonte: Correio do Estado