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PF faz buscas em imóveis de Aécio e Paulinho da Força em operação que investiga 6 parlamentares

on ter, 11/12/2018 - 10:14
terça-feira, 11 Dezembro, 2018 - 10:00
Foto: reprodução / TVGlobo
 
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal cumprem, nesta terça-feira (11), mandados de busca e apreensão em imóveis de Aécio Neves (PSDB-MG) e da irmã dele, Andréa Neves, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Atualmente senador, Aécio termina o mandato neste ano e no próximo assume uma vaga na Câmara dos Deputados.
 
Também há equipes em endereços do deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), em São Paulo. São investigados ainda os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) e os deputados federais Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
 
A operação, chamada de Ross, surgiu a partir de delação de executivos da J&F e apura denúncias de compra de apoio político. Segundo a PF, Aécio Neves comprou apoio do Solidariedade por R$ 15 milhões, e empresários paulistas ajudaram com doações de campanha e caixa 2, por meio de notas frias. Outros partidos também teriam sido beneficiados.
 
Além dos políticos, as buscas miram empresários que são suspeitos de emitir as notas fiscais frias. A PF chegou a solicitar buscas em imóveis de Maia, Cristiane e Benito, mas os pedidos não foram aceitos pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Em nota, a defesa de Aécio Neves informou que o senador "sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados".
 
Os advogados do senador informaram ainda que o inquérito policial é baseado nas delações de executivos da JBS que tentam "transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração". A defesa afirmou ainda que uma investigação "correta e isenta" vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas.
Propina de R$ 110 milhões
Os executivos do grupo J&F relataram ao Ministério Público o repasse de propina de quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves, conforme decisão do STF que autorizou a operação desta terça (11). Suspeita-se que os valores eram recebidos por meio da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
 
Segundo a delação dos executivos, Aécio pediu ao grupo o repasse de dinheiro a vários partidos que poderiam fazer parte da coligação na disputa presidencial. Os executivos da J&F montaram um documento chamado "Planilhão de Doações de 2014", no qual reuniram todos os pagamentos feitos a pedido do senador do PSDB. Cada um deles era marcado com uma cor: azul para aqueles feitos com notas frias, amarelo para repasses em espécie e branco para os "viabilizados mediante lavagem de dinheiro nas doações oficiais".
 
Joesley e Ricardo disseram que foram destinados R$ 64,6 milhões ao diretório e candidatos do PSDB. R$ 20 milhões teriam sido repassados ao PTB, mediante intermediação dos deputados Cristiane Brasil e Benedito da Gama Santos, além do tesoureiro do partido, Luiz Rondon. Ao Solidariedade, teriam sido repassados R$ 15 milhões, supostamente por intermédio de Paulinho da Força e Marcelo Lima Cavalcanti.
 
 
De acordo com os delatores, o grupo empresarial também pagou R$ 10,4 milhões aos partidos DEM, PTN, PSL, PTC, PSC, PSDC, PTdoB, PEN e PMN.
 
Outro destinatário de doação teria sido Antonio Anastasia, então candidato ao governo de Minas Gerais. Ele teria recebido R$ 2 milhões em 2014 a pedido de Aécio. A assessoria do senador Anastasia afirmou, em nota, que "desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa história. Em toda sua trajetória, ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém".
 
A contrapartida para os pagamentos, segundo o Ministério Público, seria o uso do mandato de Aécio Neves para beneficiar o grupo empresarial. Uma das formas seria a liberação de créditos do ICMS, pelo governo de Minas Gerais, em favor das empresas.
Foto: Evaristo Sa/AFP
 
Operação Ross
 
A Operação Ross cumpre total de 24 mandados de busca e apreensão em oito estados e no Distrito Federal. São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
 
Agentes da PF foram até um prédio de luxo na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, Zona Sul do Rio, onde o senador e deputado federal eleito tem residência. A PF só conseguiu entrar no local às 7h10. Outra equipe está em um imóvel de Andréa em Copacabana, também na Zona Sul carioca.
 
 
Há buscas em endereços ligados a Aécio e à irmã dele em Minas Gerais e em imóvel de Paulinho da Força em SP.
 
Andréa é considerada operadora do senador nas investigações da Lava Jato. Ela foi presa pela PF em maio de 2017 e foi solta há um ano, por decisão do ministro Marco Aurélio Mello.
Foto: reprodução / TVGlobo
 
A operação no Rio é braço de investida que ocorre simultaneamente em Minas Gerais, São Paulo (capital e interior, com nove mandados), Brasília, Bahia, Rio Grande do Norte, Tocantins, Amapá e Mato Grosso do Sul. Decorre do inquérito 4519, que tem como relator, no STF, o ministro Marco Aurélio Mello.
 
Em Barretos, interior de São Paulo, a PF cumpre três mandados de busca e apreensão em dois endereços da Viação Brastour e a casa do presidente da Câmara Municipal dos Vereadores, Leandro Aparecido da Silva Anastácio (SD). O parlamentar é dono da empresa de transportes. Segundo as investigações, a empresa teria fornecido notas frias.
 
O que dizem os envolvidos
 
O G1 está tentando contato com a defesa de Cristiane Brasil e ligou para o telefone do deputado Paulinho da Força por volta das 7h15. Ele atendeu, mas desligou.
 
Alberto Zacharias Toron, advogado de Aécio, emitiu nota. "O senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos", afirma.
 
"É preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS agora como propina são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça Eleitoral", prossegue.
 
"Somam-se a esses valores contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto, desnecessária já que o Senador é o maior interessado no esclarecimento de todos os fatos", emenda.
 
A Inter TV Cabugi, afiliada da TV Globo, entrou em contato om a assessoria de Agripino por volta das 8h10, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Fonte: G1