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Prédio do grupo de Eike Batista é invadido por famílias sem teto

on qua, 08/04/2015 - 06:28
quarta-feira, 8 Abril, 2015 - 10:00

O edifício pertencente ao grupo EBX, do empresário Eike Batista, no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio, foi ocupado na madrugada de hoje (7) por  famílias que foram expulsas de um terreno da Companhia Municipal de Água e Esgoto (Cedae), na zona portuária do Rio. Nesta tarde, representantes do grupo EBX e policiais militares tentam negociar a saída das famílias do edifício.

O prédio tem cerca de 17 andares, é a antiga sede do Clube de Regatas Flamengo, está localizado no Morro da Viúva, área nobre do bairro, é um local onde o empresário pretendia implantar um hotel e foi ocupado por cerca de 90 pessoas. De acordo com a Polícia Militar (PM), os policiais perceberam uma movimentação no prédio na madrugada dessa segunda-feira e duas viaturas estão no local para garantir a segurança.

Para a Associação de Condomínios do Morro da Viúva (Amov), a ocupação não foi uma surpresa e as autoridades tinham sido advertidas no segundo semestre do ano passado. De acordo com a presidente da associação, Maria Thereza Sombra, as autoridades estaduais, municipais e federais não deram importância para os alertas feitos pelos moradores para evitar a ocupação.

"Eu vinha falando que isso ia acontecer. A única coisa que eles fizeram foi colocar esse troço branco em volta da grade para tampar o prédio. Eu pedi uma reunião com o [José Mariano] Beltrame [Secretário de Segurança Pública do Rio] alertando sobre uma possível invasão e disse que isso ia acontecer porque estavam roubando esquadrias", disse.

A presidente da Amov contou que foi feita uma ação para limpar o local e que entrou em contato com o departamento jurídico da EBX, pedindo para ter uma segurança reforçada no prédio. "Eu falei com eles e eles disseram que não precisava. Eu tornei a pedir uma audiência ao Beltrame, comuniquei à prefeitura e nada foi feito", ressaltou Maria Thereza.

Dois representantes do grupo EBX, que não se identificaram, foram ao prédio na manhã de hoje e deixaram o local rapidamente. Na saída, eles informaram que a conversa com os ocupantes era para tentar uma saída pacífica, sem a necessidade de intervenção policial.

O sem-teto Junior Dias disse, desde a saída do prédio da Cedae, o grupo esperava alguma alternativa para não dormir na rua. Ele contou que o grupo EBX prometeu procurar a prefeitura do Rio para buscar uma solução. "Eles falaram que vão ver com o pessoal da prefeitura para ver o que pode fazer pela gente. Eles enganaram a gente e estamos aqui, sem moradia, sem lugar para ir. Estava abandonado e nós resolvemos ocupar isso aqui. Eles prometeram, mas até hoje nada foi visto. Estamos na espera, mas não dá para ficar dormindo na rua, morando na rua a tempo de pegar uma doença e morrer".

A desocupação do prédio da Cedae ocorreu de forma pacífica no dia 23 de março, quando a Polícia Militar cercou o local com o apoio do Batalhão de Choque para cumprir um mandado de reintegração de posse.


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