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Anel viário poderá ter expansão para implantar novo traçado da BR-163
quinta-feira, 26 Abril, 2018 - 07:15
Foto: reprodução / Correio do Estado
O anel rodoviário que passa pela área urbana de Campo Grande deverá ter novo contorno até 2048. É o que prevê o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA), que foi revisado e está em processo de aprovação na Câmara Municipal, com votação a ser feita em maio - porém sem data definida.
A mudança ainda não está totalmente detalhada no texto do projeto, porém aparece com duas intervenções a serem feitas em épocas diferentes. A primeira entre 5 a 10 anos, ou seja, até 2028 para implantar a ligação da Avenida Duque de Caxias ao anel rodoviário. A segunda prevê mudanças superiores a 10 anos que devem ocorrem em no máximo 30 anos - até 2048 -, para implantar o novo traçado da BR-163 entre as saídas de São Paulo e Cuiabá (MT).
Atualmente a rodovia é ligada entre as avenidas Gury Marques e Cônsul Assaf Trad, passando pelo lado oeste da cidade - inclusive até a BR-262 na saída para Três Lagoas. No total são aproximadamente 25 quilômetros de distância entre uma ponta e outra, trajeto que está na área urbana e tem diversos pontos críticos devido a grande circulação de pessoas e veículos.
“Para se ter uma ideia, antes de ser no local atual, o anel viário era na Avenida Ceará, as carretas passavam ali para seguir viagem. Mas foi deslocado para a região que é hoje, que foi rapidamente habitada. Na época da mudança não existiam tantas empresas e até moradias, e agora ainda tem shopping e universidade. Agregou muito movimento na região”, explica o chefe do Núcleo de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Tércio Baggio.
A BR-163 tem 845,4 quilômetros de extenção em Mato Grosso do Sul, cruzando total de 21 cidades. Mas é no pequeno trajeto dentro de Campo Grande onde se concentra o maior número de acidentes da rodovia considerada uma das mais perigosas do Estado. “É aonde tem o maior índice de acidentes de toda a BR-163, desde Mundo Novo até Sonora. O número de acidentes no anel viário da Capital é por conta da grande circulação e da mistura de pedestres, ciclistas, carro de passeio da cidade e da rodovia, caminhões, é tudo.
Tivemos um acidente na sexta-feira (20) que o condutor quis entrar no posto de gasolina fazendo uma conversão errada e acabou provocando uma colisão que deixou uma pessoa ferida. Este foi apenas um exemplo dos inúmeros casos diários de imprudência e descuido, as pessoas acham que estão trafegando dentro da cidade” , explica o inspetor.
Dados da PRF apontam que no primeiro trimestre deste ano já foram quatro acidentes no anel rodoviário da Capital, três deles graves, com duas pessoas feridas gravemente e duas mortes. Em Dourados onde a rodovia também passa dentro da área urbana, a quantidade de acidentes foi maior, 30 no total, mas sem óbitos. Já em Mundo Novo, na divisa com o Paraná, foram sete acidentes sem gravidade.
No mesmo período do ano passado os números da PRF também comprovam o perigo em torno do trecho urbano da rodovia. Foram 31 acidentes, onze graves com a mesma quantidade de feridos e duas mortes. Em Dourados foram 22 acidentes com oito feridos e em Mundo Novo apenas seis, nas duas cidades sem vítimas fatais. Em 2016 a Capital teve 33 acidentes nos três primeiros meses do ano no anel rodoviário com quatro pessoas feridas. Já em Dourados e Mundo Novo foram 27 e 9 respectivamente, mas a segunda maior cidade do Estado registrou duas mortes na época.
Para Baggio a solução prevista no Plano Diretor pode amenizar o problema, mas outras medidas devem ser tomadas até lá, já que o projeto é a longo prazo. “Por conta da concessão a rodovia está melhor e é cada vez mais difícil fazer algo errado para atravessar, acredito que tudo isso ajude a reduzir os acidentes, embora tirar o anel dali é melhor. A forma mais simples de resolver, como ideia e não execução, é mudar o contorno novamente. Outra saída é dotar o anel atual de acessos, rotatórias, viadutos, sinalização. Não resolve totalmente o problema imenso da circulação e do fluxo, mas ameniza”, afirma.
O Plano Diretor não detalha o custo do projeto ou o tempo de execução da mudança, mas de acordo com a diretora-presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), Berenice Domingues, a obra não será de responsabilidade da prefeitura. “A previsão é de que o anel rodoviário seja afastado da área urbana, vá para a rural. É inclusive necessário que saia do perímetro urbano. O novo traçado passará perto do autódromo, entre a APA (Área de Proteção Ambiental) Guariroba e Lagoa. Porém é responsabilidade da União ou mesmo da concessionária arcar com a obra”.
A CCR-MS Via, que detém a concessão da BR-163 foi procurada pela reportagem e respondeu por meio de nota “que a mudança de local do anel rodoviário não consta do contrato de concessão”. O anel liga atualmente a MS-080, BR-262, BR-060, MS-455, BR-163 e MS-040. Porém ainda falta conclusão do trecho entre aMS-080 e BR-163 na saída para Cuiabá (MT).
Após anos de abandono obra de pavimentação do macroanel rodoviário lançada em 2003, mas iniciada efetivamente somente no ano de 2011, a prefeitura solicitou a revisão do projeto e aguarda aditivo de R$ 3.776.00,00 para concluir o serviço. Com isso, o custo total pode chegar a R$ 33 milhões, bem acima do orçamento inicial de R$ 29,2 milhões.
Atualmente parte do tráfego pesado, formado por caminhões e carretas carregados com grãos e insumos agrícolas, passa por vias urbanas como as avenidas Cônsul Assaf Trad, Mascarenhas de Moraes e Euller Azevedo, o que aumenta o risco de acidentes e reduz a durabilidade do pavimento. Com a conclusão do anel viário , haverá a interligação entre a BR-163 (saída para Cuiabá), MS-080 (saída para Rochedo), BR-262 (distrito Indubrasil), passando pelo Núcleo Industrial , BR-060 (ligação com Sidrolândia, Maracaju, Dourados e Ponta Porã), terminando em outra ponta da BR-163, já na saída para São Paulo.
Fonte: Correio do Estado