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Campo Grande aprova protocolo com hidroxicloroquina e ivermectina para combate ao Covid-19
quinta-feira, 2 Julho, 2020 - 07:15
Uma reunião entre o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro Filho, e representantes de um grupo de médicos da cidade estabeleceu um protocolo para tratamento da Covid-19 na Capital.
Pessoas sem sintomas que tiveram contato com casos confirmados e pacientes em fases iniciais dos sintomas serão tratados com ivermectina e hidroxicloroquina, respectivamente.
Ivermectina poderá ser usado para pessoas sem sintomas, que tiveram contato com casos confirmados - Divulgação
De acordo com o médico toxicologista Sandro Benites, que coordena o Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox), que faz parte de um grupo composto por cerca de 200 médicos, esse protocolo será usado para tratar precocemente a doença, que ainda não tem cura.
“O prefeito é de acordo com o tratamento precoce, agora vamos só aguardar a questão da burocracia.
A população de Campo Grande pode se tranquilizar, que ainda esse mês de julho, vamos ter a medicação disponível. Apesar dessa demora, é uma conquista muito grande que todos os nossos colegas tiveram”, declarou.
A Ivermectina, remédio para infecção causada por parasita, também utilizado para verme, vai ser usada de forma preventiva para os contactantes de casos confirmados e para os profissionais de saúde que estão na linha de frente.
Já a hidroxicloroquina vai ser usada na fase inicial de quem apresenta sintomas. “Vamos lembrar que criança não pode usar esse tipo de medicamento. E toda essa medicação com prescrição médica e orientação de um profissional”, salientou Benites.
Entretanto, o secretário da Saúde da Capital já avisou que a compra desses medicamentos para disponibilização na rede de saúde da cidade depende de sua disponibilidade de entrega, já que em muitas cidades do país eles acabaram da prateleira de farmácias.
“É uma decisão do prefeito em adotar o protocolo, agora a vontade de adotar o protocolo também passa pela viabilidade de adquiri-los. Há necessidade de encontrar disponibilidade disso, de ver indústrias que possam fabricar esses medicamentos em larga escala, estamos falando de uma cidade de 1 milhão de habitantes.
Então viabilizar o protocolo é outra discussão, que deve ser implementada junto ao nosso comitê de operações emergenciais”, observou Castro.
Segundo o secretário, a pasta tem encontrado muita dificuldade em conseguir os insumos necessários por conta da pandemia da Covid-19. O prazo para compra, ainda conforme o titular da pasta, tem variado de 20 a 30 dias, por conta do decreto de emergência em saúde.
“O que vinha acontecendo ao longo do tempo com a Covid-19 e que muitas vezes você compra o insumo, compra o EPI e na hora de se entregar não se entrega. Então tem todos esses nós administrativos e do serviço público que acaba levando mais tempo”.
O secretário ainda lembrou que esse protocolo adotado não representa a cura para a doença, e sim uma forma de ajudar a nortear o trabalho dos médicos. “Que a população não crie uma expectativa de que amanhã possa ter algum protocolo, algum tratamento e que diga-se também, são protocolos sem uma comprovação de que possa ter um efeito de cura.
Haverá necessidade de anuência, bem como o Ministério da Saúde recomenda, por parte do paciente, por parte do médico. A prescrição de qualquer medicamento é de autonomia médica.
Então protocolo vem para auxiliar o médico no momento que ele tem que decidir”.
OUTRO LADO
O uso da hidroxicloroquina e da cloroquina foi amplamente discutido no Brasil, em função do incentivo do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Porém, em última manifestação a Sociedade Brasileira de Infectologia, junto da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira já havia soltado nota para seus profissionais orientando para “não utilizar hidroxicloroquina ou cloroquina de rotina no tratamento da Covid-19 (recomendação fraca, nível de evidência baixo)”.
Segundo a presidente da Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul, Andrea Lidenberg, a entidade do Estado segue a recomendação nacional. Cujo informe publicado ontem diz que o “uso no tratamento da Covid-19 nos primeiros dias de doença, em casos de Covid-19 leve e moderada, está sendo avaliado e se aguardam os resultados”.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS), a FDA (agência reguladora de medicamentos dos EUA), a Sociedade Americana de Infectologia (IDSA) e o Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH) recentemente recomendaram que não seja usado cloroquina, nem hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19, exceto em pesquisas clínicas, devido à falta de benefício comprovado e potencial de toxicidade. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também segue e recomenda tais decisões”, diz trecho do documento.
Fonte: Correio do Estado