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Capital: Fila de espera por consultas tem 32 mil pessoas
terça-feira, 14 Agosto, 2018 - 14:00
Foto: Valdenir Rezende / Arquivo / Correio do Estado
Atualmente, pelo menos 32.151 pacientes de Campo Grande aguardam na “fila” por consultas em seis áreas: cardiologia, ortopedia, cirurgia ortopédica, endocrinologia, neurologia e neurocirugia. A maior espera é para ser atendido por um médico neurologista: são 9.072 pessoas à espera.
Nas demais especialidades, conforme o tamanho da fila, 8.473 pessoas esperam por consultas em ortopedia; 4.895 por consultas em neurocirurgia; 4.395 por consultas em endocrinologia; no aguardo de consultas em cirurgia ortopédica estão 2.801 pessoas e outras 2.515 esperam por consultas em cardiologia.
Os números foram apresentados pela promotora da Saúde da Capital, Filomena Fluminhan, ontem durante audiência pública na Assembleia Legislativa, que discutiu o subfinanciamento do setor e do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso do Sul.
O deficit dos recursos aliado à situação crítica da saúde no Estado prejudica todo o serviço. “Não há estrutura para o atendimento de toda a rede. O fluxo de quem procura o sistema precisa ser encaminhado. A fila tem que começar a andar, avançar”, disse a representante do Ministério Público (MPMS).
“Os investimentos na alta complexidade não param por conta da alta procura e demanda também do interior. Com isso, os atendimentos básico e de especialidades são comprometidos, pois todo o recurso acaba indo para lá [alta complexidade]”, disse o secretário-executivo do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Josimar Corvalã dos Santos.
Ele afirma ainda que “os custos para pagamento de folha só aumentam com isso. Chegam a 2/3 só para bancar os plantões, quem trabalha nos 24 horas ganha melhor e ninguém quer atuar na baixa complexidade, nas unidades de saúde”.
Mas as falhas na gestão e na aplicação de verbas, acrescidas dos valores insuficientes para a operacionalização da saúde pública no Estado, geram verdadeiro colapso. “Todos os meses, a prefeitura gasta R$ 38 milhões só com folha de pagamento, são R$ 456 milhões por ano, é muito dinheiro”, avalia a promotora.
Como se não bastasse a incapacidade de atendimento, há ainda o vandalismo, proveniente dos próprios servidores da rede de saúde. “E uma das situações que enfrentamos atualmente, que virou até caso de polícia, é a depredação dos leitores biométricos de ponto [relógio de ponto]. Os servidores não querem ser controlados. Mas é preciso e necessário, pois as pessoas vão até as unidades de saúde e não encontram os médicos, pois eles não cumprem as suas cargas horárias”, acusa Filomena.
E o superintendente da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), Antônio Lastória, justifica que “precisamos de investimento, precisamos de mais pessoas trabalhando, mas a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não permite mais contratações”, explicou.
LEITOS
Outro ponto crítico é em relação à quantidade de leitos, situação mostrada em reportagem publicada ontem pelo Correio do Estado. Para atender à demanda de pacientes locais e também os do interior, Campo Grande teria de ter pelo menos 3,6 mil novos leitos hospitalares, de acordo com o CMS – já que determinação da Organização Mundial de Saúde é de, no mínimo, três leitos para cada mil usuários do sistema.
A Capital tem, hoje, um total de 2.152 leitos, 1.229 do SUS. Pela quantidade de habitantes, o município deveria ter, no mínimo, 2.880 leitos. No entanto, como tem 1,2 milhão de pacientes com cartões do SUS registrados, a cidade deveria ter 3,6 mil leitos.
Mas o MPMS quer que o município crie pelo menos mais 300 leitos de internação e 50 de UTI. “É impossível, não temos nem como custear o que já existe, quanto mais novos leitos”, sustenta.
Fonte: Correio do Estado