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Dunga é apresentado oficialmente como novo técnico da seleção brasileira
terça-feira, 22 Julho, 2014 - 13:15
O técnico Dunga foi apresentado nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, como novo técnico da seleção brasileira. Ele volta à seleção depois de uma passagem polêmica entre 2006 e 2010, com diversos problemas com a imprensa. Apesar do bom retrospecto, Dunga acabou eliminado com a seleção nas quartas de final da Copa de 2010, na África do Sul. Em suas primeiras palavras no retorno, o treinador se mostrou disposto a mudar o seu jeito ranzinza com os jornalistas.
- Estou muito feliz de voltar à seleção. Vocês me conhecem. Dificilmente uma pessoa muda. Mas sei que tenho que melhorar muito, no contato com as pessoas, com vocês jornalistas. Na minha primeira passagem pela seleção brasileira foquei muito mais nos trabalhos dentro de campo, mas agora me preparei. Sobre o meu trabalho, os números estão aí. Agora, é normal também que eu tenha que aprimorar o meu relacionamento com a imprensa, trabalhei pra isso. Tive ótimas experiências na última Copa com ex-jogadores - disse Dunga.
José Maria Marin, presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, futuro presidente da CBF, Alexandre Gallo, coordenador das categorias de base e Gilmar Rinaldi, coordenador-geral da seleção, também estiveram presentes na coletiva de apresentação de Dunga.
- Através de números, mostrou que tem a capacidade de dirigir a seleção brasileira. Foi uma escolha visando grandes conquistas no futuro. Um homem experimentado tanto em campo como fora dele. Demonstramos total confiança na sua competência e na sua capacidade de trabalho - disse José Maria Marin, presidente da CBF.
- Agora sim começamos o trabalho. Quanto à desconfiança de alguns, isso vai ser mostrado com resultados. Deem tempo. Vocês vão entender o que estamos falando. Aceitaremos críticas. É uma retomada de um trabalho para que cheguemos, ao final, como vencedores - disse Gilmar, que definiu que Alexandre Gallo será o técnico da seleção nas Olimpíadas do Brasil.
O primeiro teste do treinador, em sua segunda passagem pela seleção, será o amistoso contra a Colômbia, no dia 5 de setembro, nos Estados Unidos. Depois, terá pela frente amistosos contra Equador e Argentina.
No ano passado, Dunga dirigiu o Internacional. Foi campeão gaúcho, mas não foi bem no Campeonato Brasileiro e acabou demitido. Desde então, não trabalhou mais.
Antes de assumir a seleção brasileira pela segunda vez, Dunga negociou com a federação venezuelana para assumir a seleção local, mas acabou desistindo quando recebeu o convite da CBF.
Em sua primeira passagem pela seleção, Dunga foi campeão da Copa América em 2007, conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequimem 2008 e conquistou a Copa das Confederações em 2009. Foram 60 jogos com 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas.
Confira alguns trechos da entrevista de Dunga.
Favoritismo da seleção brasileira nas competições - "A camisa do Brasil é respeitada, vai ser sempre. Agora, é verdade que eles tanto nos respeitam, que querem nos ganhar toda hora. Temos que ter comprometimento. Eles querem ganhar do Brasil. Não podemos achar que vamos ganhar só com a camisa. Ninguém vence nada antes de jogar".
O resgate do futebol arte - "Um goleiro fazer uma defesa também é arte, o zagueiro roubar uma bola também é arte. A gente não pode achar que vai encontrar o Pelé a toda hora. A gente não pode querer criar um ídolo a cada dia. O Brasil sempre teve jogadores de grande talento".
Volta à seleção - "Meus números, o trabalho que realizei, foram os indícios que o presidente Marin e Del Nero me chamaram. Injustiça? A gente usa essa palavra, mas não existe, tanto que estou aqui novamente. O que a gente tem que passar, principalmente para as crianças, que temos que ter um perfil de ética, respeito".
Rejeição nas enquetes - "Respeito as enquetes, todos os sites. Mas na minha vinda ao Rio, muitas pessoas me apoiaram. É mais ou menos como uma eleição. As vezes nem sempre ganha o favorito. Tenho que buscar força e energia nos 20 e poucos porcento que estão ao meu favor. Vou ter que fazer muito mais para conquistar as outras pessoas".
Tite na seleção japonesa - "Não indiquei, mas caso seja o Tite, será uma ótima escolha. E que seguramente vai dar bons resultados à seleção japonesa".
Dunga por si próprio - "Estamos querendo sugestões no novo trabalho. A seleção precisa de privacidade em alguns momentos. Isso é legal, tem que se fazer. Eu não tive problema com a Globo, A, B ou C. Tive problema com várias pessoas. Sou gaúcho, combinado não sai caro. Algumas coisas não foram cumpridas naquela época. Não vou mudar minha essência, que é o comprometimento, a lealdade, a transparência. Mas as coisas precisam ser planejadas. Cada um vai ter o seu espaço. Ninguém vai proibir a imprensa de trabalhar. Mas o objetivo maior, a frente de todos nós, é a seleção brasileira. Eu participei dessa Copa como jornalista e todos elogiaram que a Alemanha caminhava na praia. Era combinado que o horário de entrevista seria depois do almoço. Então ninguém ia atrás dos jogadores. Temos que ver até onde vai o direito. Se tiver a comprensão de todos, vai ser ótimo".
Alemanha - "A Alemanha sempre foi organizada. Sempre teve planejamento. Eu morei na Alemanha, sempre teve. Sempre deu importância para o esporte, na formação dos atletas, do ser humano. Planejamento, educação. Estão achando que a Alemanha fez isso agora, mas sempre foi assim. O que aconteceu foi que a Alemanha encontrou uma geração ótima de jogadores. Conseguiu encaixar as peças. Deu-se tempo para realizar o trabalho. Não obteve resultados de imediato, mas entendeu-se que o trabalho era bom e deu-se continuidade. E aí a Alemanha foi a grande vencedora da Copa com amplo merecimento. Com um "futebol total" em todos os setores do campo, futebol moderno. Goleiro líbero, estilo futsal... Encontraram um goleiro apto a realizar".
Brigas - "Nunca tive problema de relacionamento com ninguém. Nem na seleção brasileira e nem no Internacional".
Propostas antes da seleção - "Tive várias propostas. Mas não sou de falar muito. O que adianta eu falar se nenhuma deu certo".