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Exportações do campo devem ter alta modesta em 2014
segunda-feira, 20 Janeiro, 2014 - 14:30
Projeções da Tendências Consultoria indicam que os embarques do setor devem gerar US$ 102,5 bilhões neste ano, alta de 2,6% sobre o ano passado.
Apesar da queda dos preços dos grãos exportados pelo Brasil, o aumento das vendas externas de carnes - notadamente as de carne bovina - e o melhor desempenho em segmentos como de celulose e couro devem garantir uma evolução - ainda que modesta - na receita externa do agronegócio em 2014.
O comportamento do câmbio, porém, é uma variável que pode alterar esse quadro de tímido crescimento.
"No geral, serão volumes um pouco melhores, preços iguais ou um pouco piores, resultando em receitas modestas, mas com acréscimo", afirmou a economista Amaryllis Romano, da Tendências. Em suas estimativas, a consultoria trabalha com um dólar médio de R$ 2,42.
A expectativa dos analistas é que 2014 seja marcado por um choque positivo de oferta, após recentes quebras de safras no mundo. Na dianteira da balança, a soja é o retrato desse cenário.
Após os sérios problemas climáticos que derrubaram a produção na América do Sul, em 2011/12, e dos EUA, em 2012/13, o atual ciclo tem sido marcado pela recomposição da oferta nessas regiões.
A colheita 2013/14 nos EUA foi expressiva e a de Brasil e Argentina caminham na mesma direção.
A Tendências estima uma queda de 1,1% na receita com as exportações de soja em grão, para US$ 22,55 bilhões, e alta de 3,3% no volume, a 44,2 milhões de toneladas.
"Começamos 2014 exportando bem e temos que aproveitar esses primeiros meses para colocar nossa soja lá fora, já que ainda não há volumes fortes do grão americano", afirmou Amaryllis.
O cálculo da consultoria aproxima-se do divulgado pela Abiove, associação que representa as indústrias de óleos vegetais, que prevê embarques de 44,5 milhões de toneladas.
O milho, por sua vez, deve enfrentar perdas mais sensíveis. Para a Tendências, a retração no volume exportado pode chegar a 9,7%, para 24 milhões de toneladas, e em receita, a 20,7%, para US$ 5 bilhões.
Segundo Alysson Paolinelli, presidente da Abramilho, que representa os produtores do grão, os gargalos logísticos impedem um maior avanço no exterior.
"Pelo Mississippi, rio que leva o milho do Corn Belt ao golfo do México, o custo de escoamento é de US$ 6 a US$ 12 por tonelada. No Brasil, é mais do que US$ 45", afirmou.
Mas, a despeito da menor receita oriunda dos grãos, o segmento de carnes deve ajudar a sustentar o aumento dos embarques do agronegócio.
Líder global nas exportações de carne bovina, o Brasil tem tudo para repetir o desempenho de 2013, quando as exportações cresceram 13% em receita, para US$ 6,6 bilhões.
Para 2014, a Abiec, que representa os exportadores de carne bovina, estima que os frigoríficos brasileiros terão uma receita de US$ 8 bilhões, alta de 20%.
No tabuleiro global, o Brasil é o país com melhores condições de suprir a crescente demanda da Ásia, puxada pela China. Concorrentes como EUA e Austrália sofrem com restrição de oferta de bovinos.
"A demanda é excepcional e nossos concorrentes estão menos ofertados", afirma o analista da MB Agro, César de Castro Alves.
O único senão, avalia, é o menor envio de vacas para o abate. "Mas vamos exportar tudo que nossa oferta permitir, sobretudo com câmbio favorável", afirmou.
Para a carne de frango, a perspectiva também é de avanço, ainda que menos intenso. Maior fornecedor global do produto, o Brasil deve exportar 1,6% mais em 2014, para US$ 7,57 bilhões, estima a Tendências.
Para o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, o Brasil já está consolidado - exporta para 155 países - e o espaço para avanços expressivos é menor.
O cenário é mais turvo no mercado de carne suína, que sofre com a instabilidade em importantes importadores, caso de Rússia e Ucrânia.
Mesmo assim, a Abipecs, que representa a indústria exportadora do setor, estima que as vendas crescerão 3%, para cerca de 590 mil toneladas.
Para o café, a projeção é otimista, diante de uma recuperação moderada nos preços e aumento do volume embarcado.
O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga, diz que, sem problemas climáticos e políticas que incentivem a contração da oferta interna, as exportações cresçam 10%, para US$ 5,7 bilhões.
No caso da celulose, a perspectiva é que o volume exportado cresça mais de 10%, segundo a Bracelpa, associação que representa o segmento.
A demanda da China e o início de operação de uma fábrica da Suzano Papel e Celulose devem contribuir para o aumento dos embarques.
Já as exportações de açúcar em 2014 tendem a repetir o resultado de 2013, tanto em volume (27 milhões de toneladas) quanto em receita (US$ 11,8 bilhões).
Há dois anos, a produção brasileira está praticamente estável e não há indicativos de que esse quadro vá mudar.
O preço médio do açúcar exportado pelo Brasil em 2013 foi 17,4% mais baixo que em 2012 e nesse patamar tende a permanecer em 2014.
Com a menor rentabilidade do milho neste ano, a área plantada com algodão deve voltar a crescer no Brasil, o que trará impacto direto aos volumes exportados da pluma.
Na visão da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), a quantidade embarcada pode dobrar na próxima temporada, para 800 mil toneladas, com efeito semelhante na receita - que, em 2013, somou US$ 1,1 bilhão. (Canal do Produtor)