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Feminicídio: quem são as 12 mulheres assassinadas por seus companheiros no MS em 2019

on qui, 04/04/2019 - 16:19
quinta-feira, 4 Abril, 2019 - 16:15

Vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul: Doze mulheres em 92 dias. - Foto: G1 MS

 

Nos primeiros 92 dias de 2019, Mato Grosso do Sul registrou 12 mortes por feminicídio. Os crimes aconteceram em 11 cidades do estado, a média é de 1 morte a cada 8 dias, segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
 
Mulheres que perderam suas vidas após serem esfaqueadas, asfixiadas, baleadas, atropeladas. Os crimes foram motivados, segundo a polícia, por duas razões: ciúmes ou porque os homens não aceitaram o fim do relacionamento.
 
O G1 reuniu os casos de feminicídio em 2019. O mais recente aconteceu nesta terça-feira (2).
 
 
Nilce Elias da Rocha Bento, 56 anos
Morta a facadas pelo marido em 2 de abril
 
O crime aconteceu na residência do casal. No local ficaram manchas de sangue no travesseiro, nas paredes e no chão. Foi a filha quem encontrou a mãe morta e chamou a polícia. Uma filha do casal, deficiente, presenciou toda a cena. No local os policiais apreenderam a faca usada no crime e ainda uma espingarda adaptada para cartuchos 36 e 22mm.
 
O suspeito, Aderval Bento, fugiu no carro da vítima. A prisão preventiva dele foi decretada na tarde desta quarta-feira (3) e até a publicação desta reportagem, não há pistas sobre seu paradeiro.
 
 
Maria das Graças da Hora Pereira, 49 anos
Morta com 20 facadas pelo ex-marido no dia 31 de março
 
A vítima foi morta em no assentamento Paraíso, em Terenos, a 32 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, a mulher foi assassinada com 29 golpes de faca pelo ex-marido. O atual namorado da vítima, de 56 anos foi morto a tiros.
 
Segundo o delegado responsável, o suspeito, de 54 anos, está foragido. Ele trabalhava com o irmão de Maria e na noite do crime, entrou em contato com o sócio e disse que estava indo embora, sem dar informações sobre o destino.
 
 
Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17 anos
Morta esganada pelo namorado no dia 30 de março
 
O corpo da jovem foi encontrado no dia 1º de abril enrolado em um cobertor dentro do quarto na casa onde o casal vivia, em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. O namorado a esganou com as mãos e depois, usou um fio de cabo de celular, que arrebentou. Em seguida, pegou a coleira do cachorro do casal e sufocou Jheniffer até a morte. Eles tinham um relacionamento há 1 ano e 4 meses.
 
Paulo Eduardo dos Santos, de 18 anos, chegou a dormir dois dias ao lado do corpo. Ele foi preso e em depoimento nesta segunda-feira (1º) disse que agiu em "legítima defesa", porque a namorada o teria agredido com um cabo de vassoura.
 
 
Neuricleia Martins da Silva, 41 anos,
Morta a pancadas de panela pelo marido no dia 31 de março
 
Neuricleia foi morta na casa onde morava com o marido, em Chapadão do Sul, a 333 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, o suspeito usou uma panela elétrica de arroz para ferir a vítima na cabeça, além da suspeita de asfixia.
 
O mecânico de 52 anos, entregou-se no início da tarde desta segunda-feira (1) em Costa Rica, a 347 km da capital. conforme o delegado responsável pelo caso, o suspeito "tem uma personalidade agressiva". "Nos registros da polícia consta que ele é uma pessoa violenta, possui oito ocorrências por ameaças, vias de fato e lesão corporal, das quais cinco são por violência doméstica.
 
 
Edinalva Ferreira Melgaço, de 34 anos,
Morta a golpes de machado pelo ex-esposo no dia 17 de março
 
Edinalva foi morta na frente de um dos filhos, de 15 anos, em Costa Rica, a 338 quilômetros de Campo Grande. O adolescente estava com a mãe em uma motocicleta quando o pai os fechou com o carro que dirigia e ambos caíram. O pedreiro, de 39 anos, desceu do veículo e deu vários golpes de machadinha na ex-mulher, ainda na calçada. Mesmo ferida, ela conseguiu correr para uma pizzaria em frente, o ex a alcançou, a atingiu com mais golpes e fugiu.
 
A mulher e o filho foram socorridos e levados para o hospital. Ela morreu na ambulância da unidade de saúde quando seria transferida para Campo Grande. O pedreiro foi preso na madrugada do dia do crime após alegar que matou a ex-esposa por ciúmes e que ficou transtornado com o fim do relacionamento.
 
 
Nádia Sol Neves, 39 anos
Morta com 36 facadas pelo ex-companheiro no dia 10 de março
 
O crime aconteceu no dia do aniversário de Nádia quando ela chegava em casa, em Corumbá, a 415 quilômetros de Campo Grande, após ter comemorado a idade nova. Vizinhos contaram ter visto o suspeito de 31 anos, abordar a ex e ela tentar fechar o portão para que ele não entrasse. No entanto, ele conseguiu abraçá-la e a esfaqueou. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
 
Edevaldo Costa Leite se apresentou à polícia acompanhado de advogada, confessou o crime e está preso. Vizinhos disseram à polícia ele a esfaqueou por não aceitar o fim do relacionamento.
 
 
Laís Peres Rodrigues, 26 anos
Estrangulada até a morte pelo marido no dia 10 de março
 
Laís foi estrangulada até a morte pelo marido, em Alcinópolis, a 353 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, a vítima teria denunciado o companheiro por violência doméstica um mês antes do crime. Segundo o delegado responsável pelo caso, os dois estavam em casa e durante uma festa, o casal consumiu bebida alcoólica e discutiu, momento em que o suspeito imobilizou a vítima e a estrangulou.
 
João Gomes de Olindo, de 39 anos, foi preso em uma fazenda a 35 km de Alcinópolis. Ele estava foragido e respondia por uma outra tentativa de feminicídio ocorrida em 2016. Na época, a vítima tinha 15 anos e sobreviveu à violência.
 
 
Carla Sampaio Tanan, 36 anos
Morta após o namorado passar com o carro em cima de sua cabeça 
 
Carla e o namorado moravam em Dourados, região sul do estado, mas estavam em Caarapó participando do aniversário da sobrinha dele. Em um determinado momento, eles foram levar os presentes da aniversariante na casa dela e o rapaz teria dito que ele voltaria sozinho para a festa. Ela teria dado socos e pontapés no veículo e o suspeito então engatado a ré, acelerado e atropelado a namorada. Ele passou com o carro sobre a cabeça dela.
 
A defesa do operador de máquinas Thiago Belatores, de 29 anos, preso no domingo (10), diz que a discussão entre o casal teria começado porque Carla Sampaio Tanan, de 36 anos, teria "sensualizado muito" na festa onde eles estavam, e que ele não tinha a intenção de matá-la. A Polícia Civil, que investiga o caso, trabalha com a hipótese de que Thiago já teria planejado matar a namorada.
 
 
Adriana Martins, 47 anos
Estrangulada pelo companheiro em 22 de fevereiro
 
Um trabalhador rural, de 52 anos, foi preso após forjar uma cena de suicídio e matar, estrangulada, a companheira em Iguatemi, a 472 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, o suspeito de 55 anos, apresentou inúmeras contradições, porém acabou confessando que tinha um relacionamento amoroso com a vítima. Ele era casado e quando a esposa descobriu a traição, abandonou-o, e ele passou a morar com a vítima.
 
A primeira pessoa que a encontrou o corpo, conforme a polícia, a viu ajoelhada e com uma corda passada no pescoço, além de arames. "A investigação constatou que era uma cena montada e que não se tratava de suicídio. As evidências são de que ela foi estrangulada. O homem permanece preso.
 
 
Adriana Gomes, 38 anos
Indígena, morta a facadas pelo ex-marido no dia 21 de fevereiro
 
A vítima foi morta com um golpe de faca no peito na frente de amigos e dos filhos na aldeia Amambai, no município de mesmo nome, que fica a 332 quilômetros de Campo Grande.
 
De acordo com a Polícia Civil, Milton Homero, de 48 anos, que também é indígena, foi preso quinta-feira. 28 de março. O homem foi encontrado escondido em um barraco, num matagal às margens da MS-386, no trecho que corta Aral Moreira.
 
 
Dayane Moreira, 21 anos
Morreu após o marido passar com um carro sobre sua cabeça em 26 de janeiro
 
A jovem morreu após o marido, de 24 anos, passar com um carro de luxo em cima da cabeça dela, em Eldorado, a 441 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, o casal estava junto há alguns meses.
 
Em depoimento, o irmão do suspeito informou que na noite anterior, Hugo Henrique Perin, teria agredido a esposa, e por conta disso, os dois estavam brigados. Após a discussão, ela teria deixado a casa onde os dois moravam. O suspeito está preso.
 
 
Silvana Tertuliana Pereira, 42 anos
Morta a facadas pelo namorado no dia 9 de janeiro
 
O corpo da merendeira foi encontrado com uma faca cravada no peito e enrolado em um cobertor. De acordo com a policia, o corpo da vítima foi deixado em um terreno no Portal Caiobá, por volta da 1h do dia 11 de janeiro.
 
O animador de festas e pedreiro Jesus Ajala da Silva, de 46 anos, confessou o assassinato da merendeira. Em depoimento, ele disse que "ficou um tempo sem saber o que fazer com o corpo" e, por isso, a deixou no banheiro dele, por 35 horas.
 
Cultura machista
 
A promotora Luciana Rabelo, titular da 72° Promotoria de Justiça e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, afirma que o perfil dos assassinos é o mesmo:
 
"As causas desse aumento de feminicídios estão ligadas à cultura machista, ao patriarcado, homens que vêem a mulher como objeto, a querem submissa e não a reconhecem como um ser humano com os mesmos direitos".
Para combater os índices alarmantes, Rabelo explica que as promotorias de violência doméstica fazem trabalho preventivo para o enfrentamento aos delitos relacionados com violência de gênero, entre eles o feminicídio.
 
Além disso, a celeridade nos julgamentos também visa coibir esse tipo de crime: "Nos casos julgados de feminicídio consumados, os autores foram condenados. Apenas um delito cometido em 2015 ainda está pendente de julgamento, os demais foram todos julgados, e delitos de 2106, 2017 e até mesmo de 2018 também já foram julgados".
 
Na última sexta-feira, um dos casos de maior repercussão em Mato Grosso do Sul, o assassinato da musicista Mayara Amaral teve seu desfecho com a condenação do acusado, Luis Roberto Pereira. O crime aconteceu em julho de 2017. O assassino foi condenado em júri popular por feminicídio e, com as qualificadoras, sua pena é de 27 anos e 2 meses de prisão.

Fonte e fotos: G1/MS - TV Morena