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Guardador de motos acha cheque de R$ 1,3 mil e devolve ao dono
quarta-feira, 6 Novembro, 2013 - 08:30
Em mais um dia de trabalho como guardador de motos em frente a uma agência bancária na rua Marechal Rondon, região central de Campo Grande, Osmar Duarte Lopes, 54 anos, teve uma iniciativa considerada rara por muitos. Na quinta-feira (31), ele encontrou no local um cheque de R$ 1,3 mil e, com a ajuda de um funcionário do banco, conseguiu localizar o dono.
"O que é certo é certo. Eu poderia ser a pessoa que perdeu", disse. Lopes conta que encontrou a lâmina enquanto ajudava um motociclista a estacionar no local, onde, segundo ele, trabalha há dez anos. "O cara do banco (sic) ajudou e ele [proprietário] veio rapidinho", relata.
O dono do cheque, segundo o guardador, é um pecuarista que mora perto da agência e foi até ele no mesmo dia em que o papel foi achado. Pela atitude, o homem deu R$ 100 de gratificação a Lopes no momento em que recuperou o cheque. "Dividi o dinheiro com as duas pessoas que me ajudaram [a encontrar]. [A gratificação] Deu um alívio de três, quatro dias", lembra.
Ao encontrar o pecuarista na semana passada e receber a recompensa, Lopes diz ter ficado surpreso com o valor. "Achei que ganharia R$ 10. Dei um abraço nele e falei muito obrigado".
Um dos que auxiliaram a descobrir a quem pertencia o cheque, e recebeu parte da gratificação, foi o prestador de serviços do banco, Naelcio Tribianne, 27 anos. "Achei a ação legal. Hoje isso é bem raro. Honestidade ainda tem no mundo e ele é um exemplo", conta.
Dificuldades
Lopes trabalha como guardador de motos das 9h às 14h30 de segunda a sexta-feira. Depois do horário e no final de semana, recolhe latas e busca nas ruas materiais de cobre para vender em um ferro-velho que fica no bairro Santo Amaro. Tudo é recolhido e carregado na caixa de sua bicicleta.
As gorjetas doadas pelos motociclistas no ponto em frente ao banco, às vezes, chegam até a render R$ 20 por dia. Somando tudo, ao fim do mês, a renda não passa de R$ 400, segundo ele. É o necessário para pagar o aluguel de um quarto em que mora sozinho, no bairro Cabreúva, e arcar com as outras despesas.
Conseguir de forma “fácil” pouco mais de R$ 1,3 mil ajudaria muito, de acordo como guardador. "Ia fazer muita diferença [valor do cheque], mas meu interesse era só achar o dono. Nem olhei muito para o cheque. Pensei no desespero da pessoa", afirma.
"A coisa está feia. Hoje R$ 20 não dá nada no mercado. É sufocante porque a cada 30 dias o cara quer receber o aluguel. Mas estou firme. O importante é estar trabalhando. Ganho meu dinheiro aqui", completa.
O guardador disse que já encontrou, em pelo menos outras três oportunidades, objetos e valores de outras pessoas e sempre devolveu. "Se eu achasse outro cheque devolveria de novo. Seria a mesma coisa."
G1/MS - Foto: Fabiano Arruda