Skip directly to content

Incêndios no Brasil: 99% são causados por ação humana

on seg, 23/09/2024 - 17:58
segunda-feira, 23 Setembro, 2024 - 18:00

Apenas 1% dos incêndios florestais que atingem o Brasil é iniciado por causas naturais, ou seja, 99% são causados por ações humanas, segundo a doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Imagem: reprodução

Conforme Renata Libonati, a pequena parte da causa natural de incêndios florestais está ligada aos raios.

Os dados foram obtidos por meio do sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alerta sobre fogos em vegetações do país. Quando a pesquisadora relacionou os dados com a proibição vigente de colocar fogo em florestas, ela teria percebido que todos os casos de incêndios, mesmo que não intencionais, são, de alguma forma, criminosos.

Renata Libonati, doutora em geociências e coordenadora do Lasa. (Foto: Environmental Justice Foundation)

Renata Libonati, doutora em geociências e coordenadora do Lasa. (Foto: Environmental Justice Foundation)

A situação é considerada “crítica” pela pesquisadora nos três biomas analisados, sendo a Amazônia a região com os piores dados de incêndios.

Cerrado e Pantanal já foram tão atingidos por incêndios que se aproximam de um “máximo histórico”, como alerta Renata.

Além da ação humana, a pesquisadora aponta, ainda, que o fogo que consome a vegetação em diversas regiões brasileiras está diretamente ligado a atividades econômicas relacionadas ao uso da terra.

Biomas queimados

Pantanal

Renata Libonati explica que o Pantanal já teve cerca de 12,8% da sua área queimada, do início do ano até a última quarta-feira (18). Os piores dados do bioma foram em 2020, quando 30% da vegetação foi consumida pelo fogo.

A média anual de queimada na vegetação pantaneira é de 8%, como lembra Renata, ou seja, os incêndios deste ano já ultrapassam esse limite.

Além disso, a especialista afirma que, no caso do Pantanal, os dados de satélite não mostram nenhum incêndio iniciado por raios ou outras ações da natureza, o que demonstra a incidência da ação humana no bioma.

Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em Mato Grosso, onde fica 40% do Pantanal, houve 495 focos de incêndio em 2024. (Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal)

Jacaré atingido pelo foto no Pantanal. (Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal)

Segundo imagens de satélite feitas pelo BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e pelo Lasa/UFRJ, cerca de 95% das queimadas no Pantanal em 2024 tiveram origem em propriedades privadas.

Foram registrados 3.372 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 25 de junho de 2024, enquanto apenas 189 ocorreram em Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

Amazônia

Enquanto isso, a Amazônia teve 10 milhões de hectares queimados neste ano, equivalente a uma área maior que o estado de Santa Catarina, por exemplo. Isso representa cerca de 2,5% de área amazônica queimada, segundo dados do Lasa.

Conforme a doutora, os registros de fogo em 2024 são os piores desde 2012 na Amazônia.

O Cerrado já queimou 11 milhões de hectares, correspondente a quase 6% da área de vegetação nativa – valor que estaria ligeiramente abaixo dos registros de 2012, ano com mais incêndios no bioma.

Incêndios em MT

Nessa quinta-feira (19), mais de mil bombeiros militares atuavam no combate de 27 incêndios florestais, com apoio de brigadistas contratados pelo estado e agentes de órgãos federais.

Foram registrados, nessa quinta-feira, 652 focos de calor, sendo 260 se concentram na Amazônia, 198 no Cerrado e 194 no Pantanal, conforme dados do Programa BDQueimadas, do Inpe, e Aqua Tarde.

Desde o início do período proibitivo de uso do fogo, o Corpo de Bombeiros combateu 158 incêndios florestais em 47 cidades, sendo elas:

Chapada dos Guimarães, Poconé, Cuiabá, Vila Bela da Santíssima Trindade, Nova Lacerda, Barão de Melgaço, Planalto da Serra, Nova Brasilândia, Rosário Oeste, Canarana, Cáceres, Novo Santo Antônio, Marcelândia, Primavera do Leste, Paranaíta, Nova Mutum, Sinop, São José do Rio Claro, Alto Araguaia, Sorriso, Vila Rica, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, Itanhangá, Paranatinga, Cláudia, Poxoréu, Pontes e Lacerda, Barra do Garças, Jaciara, Barra do Bugres, Rondonópolis, Lucas do Rio Verde, Tesouro, União do Sul, Alto Garças, Alto Taquari, Peixoto de Azevedo, Nova Maringá, Diamantino, Nortelândia, Juscimeira, Comodoro, Cocalinho, Nova Nazaré, Campo Verde e Nova Olímpia.

Crime ambiental

O uso irregular do fogo é crime, como prevê a Lei Federal de Crimes Ambientais. Neste ano, 17 pessoas já foram presas em 13 municípios pelas forças de segurança do Estado.

Além disso, somente neste ano o Governo de Mato Grosso já aplicou mais de R$ 80 milhões em multas.

*Com informações da Agência Brasil*


Fonte: Primeira Página