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MP-MS denuncia 40 e bloqueia R$ 84 milhões em bens pela 'Lama Asfáltica'

on sex, 19/02/2016 - 07:35
sexta-feira, 19 Fevereiro, 2016 - 07:45
O Ministério Público do Estado (MP-MS) divulgou o balanço da primeira etapa de investigação da operação Lama Asfáltica, nesta quinta-feira (18), que apura irregularidades em obras do governo de Mato Grosso do Sul. Segundo o MP, 40 pessoas foram denunciadas e R$ 84 milhões em bens bloqueados.
 
A operação da Polícia Federal completou seis meses. Na lista de obras investigadas estão o Aquário do Pantanal e as rodovias MS-171, MS-228 e MS-187. Além disso, servidores estaduais e municipais também foram alvos da investigação.
 
As obras investigadas na operação foram executadas na administração de André Puccinelli (PMDB). Segundo a assessoria do ex-governador, "todas as contratações seguiram rigorosamente a legislação vigente e aplicável ao caso" e "os pagamentos efetuados foram feitos após verificação dos fiscais de cada uma das obras".
 
Sobre a morte dos peixes do Aquário do Pantanal que estavam em quarentena, foi comprovado que não houve licitação para contratar a empresa responsável pelo projeto de pesquisa. O valor do prejuízo não foi divulgado. “Todos esses outros fatos, inclusive as denúncias que se referem a construção da obra civil do Aquário do Pantanal estão em investigação ainda pelo Ministério Público”, explicou a promotora de Justiça Cristiane Mourão.
 
As obras na MS-171, em Aquidauana, custaram R$ 2,6 milhões e já eram para estar concluídas. Segundo a promotoria, em dezembro de 2015, uma empresa foi flagrada tentando recuperar a via. Fotos tiradas pelo MP, durante uma inspeção, mostram montanhas de cascalho e um trator.
 
“A estrada que é objeto de uma ação penal perante o Poder Judiciário estava sendo reformada à revelia do estado de Mato Grosso do Sul e do Ministério Público no intuito claro e evidente de maquiar a prova do Ministério Público”, afirmou Cristiane.
 
Os contratos de outras duas estradas, a MS-228 e a MS-187, em Corumbá, também estão sendo investigados. Durante a operação no ano passado, 11 pessoas, ligadas às obras das rodovias, foram presas temporariamente. O MP ainda apurou contratos irregulares para prestação de serviços de tecnologia da informação. A conclusão foi de que o estado extinguiu cargos públicos de carreira e, consequentemente, se tornou refém das empresas terceirizadas. Os acordos contestados chegam ao montante de R$ 55 milhões. Ainda foi alvo da operação o enriquecimento ilícito de funcionários públicos municipais e estaduais. Na coletiva, os promotores apresentaram o exemplo da mulher de um servidor que gastou R$ 904 mil em joias, grande parte paga em dinheiro.
 
“Nós achamos que foge de um padrão comum a um servidor público a aquisição de novecentos e quatro mil reais de joias, tá? Sendo que quantias vultosas desse montante foram pagas em dinheiro”, pontuou o promotor de Justiça Thalys Franklyn de Souza.
 
Operação
 
A operação Lama Asfáltica foi deflagrada em 9 de julho, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas que tinham contratos com o poder público. A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados.
 
Além da PF, existe a parceria da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal de Mato Grosso do Sul. Todas as empresas investigadas atuam na pavimentação de rodovias, construção de vias, coleta de lixo e limpeza pública, entre outros.
 
Em nota, a assessoria do governo do estado disse que o afastamento foi por determinação judicial e que “vai tomar todas as providências administrativas cabíveis para averiguar os fatos e garantir a lisura de todos os procedimentos realizados pelo órgão”.

G1MS