Pecuarista em Camapuã alinha meio ambiente a manejo do gado para proteção do Rio Taquari

Ações para alinhar produção a meio ambiente brotam nas terras da pecuarista Mayara Martins de Souza Caldeira, 36 anos. Localizada em Camapuã, cidade a 140km de Campo Grande. A Fazenda Vereda do Buriti tem 760 hectares, criação de gado nelore e é modelo em projeto para conservação ambiental, desenvolvido pelo Instituto Taquari Vivo.

A pecuarista Mayara com o rebanho de nelores em fazenda modelo. (Foto: Agro Agência)

“A nossa família sempre buscou adotar práticas de conservação. Sempre buscou ter esse olhar. Na verdade, todo produtor rural tem essa visão. Ele depende da natureza, de que o seu solo seja rico, de que as árvores estejam na propriedade. E participar de um projeto como esse só vai de encontro ao nosso objetivo. Que é conseguir aumentar produtividade, aumentar a qualidade das nossas pastagens e, ao mesmo tempo, conservar melhor os nossos solos e, por consequência, as nossas nascentes”, afirma  Mayara.

A Fazenda Vereda do Buriti, que destina 180 hectares para reserva legal, está sob gestão da família da pecuarista há 10 anos. Ela também é jornalista e teve acesso a informações sobre o trabalho do Instituto Taquari Vivo. Agora, a fazenda em Camapuã é modelo.

O instituto faz a restauração e recuperação de áreas degradadas na Bacia do Alto Taquari, numa parceria com os produtores rurais. “Tem o objetivo de melhorar a rentabilidade, com melhor manejo das pastagens e, dessa forma, evita a erosão, o assoreamento. Evita que esses sedimentos sejam direcionados para as nascentes, e, consequentemente, para o leito do Rio Taquari”, afirma Mayara.

Na fazenda, que conta com duas nascentes, a mata ciliar foi cercada para que os animais não tenham acesso à área de proteção. Preservada, a vegetação funciona como um filtro, retendo os sedimentos. No entorno, será feito manejo do solo para diminuir a força da enxurrada, com ações de terraceamento e curvas de nível, medidas que combatem a erosão.

Trabalho de terraceamento na Fazenda Vereda do Buriti: medida contra erosão. (Foto: Mayara Martins/ Agro Agência)

De acordo com Mayara, também são adotadas outras iniciativas para conservação. A fazenda tem manejo rotativo a cada 15 dias para “folgar” as pastagens. São 27 invernadas (extensos pastos), mas somente cinco são ocupados por vez. A suplementação mineral é feita com homeopatia.

O rebanho tem 680 animais: 240 bezerros e outros 440 entre matrizes, novilhas e desmama. Por ano, em média, são vendidos 200 bezerros.

Historicamente, o Taquari é protagonista do maior desastre ambiental de Mato Grosso do Sul. O assoreamento do rio que nasce no Mato Grosso, passa pelo Estado e chega ao Pantanal, começou na década de 1970, vindo a reboque do slogan “Plante que o João Garante”, projeto de incentivo à agricultura, que remonta ao governo do presidente João Figueiredo.

Cerca protege mata ciliar e preserva área de nascente em fazenda. (Foto: Mayara Martins/ Agro Agência)