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Pesquisadora afirma que vacina de Oxford tem 70% de eficácia já na 1ª dose
sexta-feira, 15 Janeiro, 2021 - 08:30
A vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a Astrazeneca e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), demonstrou eficácia de 70% já após a aplicação da 1ª dose. A informação foi repassada por Ann Costa Clemens, coordenadora dos ensaios clínicos desse imunizante no Brasil.
Reuters/Agência Brasil
Na sexta-feira (8), a Fiocruz apresentou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o pedido de autorização para uso emergencial e em caráter experimental do imunizante da Oxford.A expectativa é que órgão autorize a utilização da vacina no Brasil no próximo domingo (17) e a imunização poderá começar dia 20 deste mês.
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Segundo reportagem do jornal O Globo, a vacina da Oxford já foi aprovada para uso no Reino Unido, na Índia, no México, no Marrocos, na Argentina, no Equador e em El Salvador. Mais de 1 milhão de doses já foram aplicadas.
“A vacina demonstra uma eficácia de 70% com uma dose, e desde o início nós apostamos que essa era uma vacina de uma dose. Nos testes no Reino Unido, demos a 2ª dose com um intervalo maior, de até 12 semanas. Lá, mais de 8.000 pessoas entraram no grupo que recebeu a 2ª aplicação após mais de 8 semanas. Não tínhamos essa análise totalmente detalhada em novembro, para a 1ª publicação. No entanto, o estudo continua e, com a análise desses dados, já submetemos esse intervalo para aprovação no Reino Unido, onde isso consta na bula”, explicou Clemens.
Ela afirmou ainda que os ensaios demonstraram que um intervalo maior leva a uma eficácia também maior. “Você dá uma dose, o seu sistema começa a desenvolver uma resposta imune, e a resposta cresce com a 2ª, para mais de 80% de proteção”, afirmou.
E continua dizendo que “quando a gente dá a 2ª dose depois de 4 a 6 semanas, a eficácia cai, porque a 2ª dose inibe a estimulação do sistema imune. Quando você espaça as doses, você aumenta a estimulação do sistema imune, ou seja, o sistema imune tem tempo para deslanchar, criar anticorpos e depois você dá o reforço e sobe a imunidade humoral. Acho que a estratégia do governo será essa. Dar o reforço com 3 meses.”
A pesquisadora explicou ainda que o problema, em muitos casos, é não ter fornecimento suficiente de vacinas para aplicar a 2ª dose.
“Muita gente critica o nosso país por não ter começado a vacinação —mas muitos começaram para dizer que estão fazendo, sem estratégia. Vários países da Europa estão preocupadíssimos porque receberam doses de determinada marca, vacinaram uma parcela da população, e estão sem doses para continuar. E, com a vacina da Fiocruz, ficou demonstrado que com uma dose ela já faz a imunização primária, você está protegido em 70%. As outras vacinas só mostram eficácia depois das duas doses. A nossa começa a produzir imunidade celular em 15 dias, e em 28 dias, a imunidade humoral”, detalhou
Clemens ressaltou que a vacina da Oxford é segura. “A conquista dessa vacina se deve também ao Brasil, que contribuiu com mais de 10.000 voluntários para os testes… A quem tem medo: o melhor é olhar os dados, os fatos… É uma vacina segura, e que pode ajudar, junto a outras vacinas, a tirar o mundo desse caos”, esclareceu.
A vacina da AstraZeneca/Oxford é a principal aposta do governo brasileiro, que já comprou 100 milhões de doses por R$ 1,9 bilhão. Os recursos foram liberados por meio de uma medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, que foi aprovada no começo do mês pelo Senado. No Brasil, a substância será produzida pela Fiocruz.
O imunizante tem eficácia global superior a 90% e a dose custa US$ 3,16. É mais barato, por exemplo, que as vacinas da Pfizer/BionTech (US$ 19,50) e da Sinovaci/Butantan (US$ 10,30).
Fonte: Correio do Estado