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Preconceito não impediu Camapuanense de seguir a profissão de manicure

on qui, 01/08/2024 - 23:42
quinta-feira, 1 Agosto, 2024 - 23:30

A lembrança é de Robson Santos, de 33 anos, sobre a surpresa que uma mulher teve ao perceber que ele seria o responsável por fazer a esmaltação das unhas dela. Ele ficou triste na época, mas não desanimou e contabiliza 17 anos de carreira.

Nascido em Camapuã, Robson se mudou para São Gabriel do Oeste, onde viveu por 22 anos. Foi lá que, aos 16, ele começou sua trajetória como manicure graças a uma amiga que o convidou para trabalhar como auxiliar em um salão de beleza.

Robson Santos é manicure há 17 anos (Foto: Maressa Mendonça)

“Eu não tinha experiência nenhuma”, lembra Robson. “Ela me chamou para ajudar com pequenas tarefas, como tirar esmalte e lixar unhas. Aos poucos, fui pegando gosto pelo trabalho.”

O primeiro grande desafio veio quando Robson teve que atender sua primeira cliente sozinho, no processo de retirar as cutículas com alicate. “Eu tremia tanto, liguei ventilador, ar-condicionado, tudo. Estava muito nervoso”, conta. Ele conseguiu realizar o serviço e, naquele momento, se deu conta de que gostava daquilo e poderia seguir nessa profissão.

Preconceito

Ele lembra de ter enfrentado preconceitos por ser um homem na profissão predominantemente feminina, mas disse que isso serviu de estímulo. “As clientes ficavam receosas, algumas até se recusavam a ser atendidas por mim. Isso me deixava triste, mas eu relevava e continuava focado no meu trabalho, lembrando do carinho das outras clientes”, explica.

“Tenho clientes que estão comigo há anos. Em São Gabriel, minha primeira cliente permaneceu comigo enquanto estive lá. Isso é muito gratificante.”

Em 2023, Robson foi reconhecido como o melhor manicure do Mato Grosso do Sul em um concurso escolhido por voto popular. O momento, segundo ele, foi um dos mais marcantes da sua carreira.

Robson se diz apaixonado pelo que faz. “Adoro quando a cliente vem com bastante cutícula”, brinca. Ele também valoriza a relação próxima com as clientes. “Nós, profissionais de beleza, acabamos sendo um pouco psicólogos também.”

Para Robson, ainda é pouco o número de homens que atuam como manicure. “Conheço alguns homens que fazem alongamentos, mas a manicure tradicional, com tirar cutículas e esmaltar, é mais rara entre homens. Isso me faz sentir um pouco pioneiro”, conclui.


Fonte: Primeira Página