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Rebelião acaba após mais de 14 horas no RN; há mais de 10 mortos

on dom, 15/01/2017 - 11:17
domingo, 15 Janeiro, 2017 - 11:30

A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, do Rio Grande do Norte, acabou após mais de 14 horas. Os detentos, que se rebelaram às 17h deste sábado (14) (horário local, 18h em Brasília), se renderam às 7h20 deste domingo (15) após a Tropa de Choque da Polícia Militar entrar nos pavilhões. Segundo a Secretaria de Segurança, não houve troca de tiros. Há mais de dez mortes confirmadas durante a rebelião, informou o governo estadual do Rio Grande do Norte.

O Instituto Técnico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep) informou que será montada uma "operação de guerra" para a identificação dos corpos com a vinda de legistas do Ceará e da Paraíba para auxiliar nos trabalhos. Segundo Thiago Tadeu, chefe de gabinete do Itep, a identificação será feita através da digital, da arcada dentária e até de exame de DNA quando necessário.

A rebelião começou com uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5. Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. O pavilhão 5 é o presídio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo a Alcaçuz. Há separação de presos de facções criminosas entre os dois presídios.

Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)Tropa de Choque da PM do RN entra na penitenciária estadual de Alcaçuz (Foto: Fred Carvalho/G1)

Um helicóptero da PM auxiliou na operação, que envolveu Choque, Bope e GOE (Grupo de Operações Especiais). Às 6h20, era possível ver fumaça negra nos pavilhões e ouvir o barulho de bombas de efeito moral do lado de fora da penitenciária.

Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior presídio do Rio Grande do Norte. A penitenciária possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150 presos, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do RN.

Enquanto os veículos entravam no complexo penitenciário, pessoas que estavam na porta aplaudiam e vaiavam os policiais. Havia familiares de detentos, que na noite de sábado tentaram furar o bloqueio policial, sem sucesso. Eles afirmaram que presos que não estão envolvidos na rixa entre as facções estavam pedindo socorro. Com panos brancos, eles acenaram e pediram paz.

Durante a madrugada, o tenente-coronel Marcos Vinícius, que comanda o Bope, disse ao G1, por volta das 2h, que não houve negociação entre PM e presos. O complexo ficou sem energia elétrica desde a noite de sábado. Muitos tiros foram ouvidos e era possível ver muita fumaça do lado de fora do presídio.

Na noite de sábado, o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, afirmou que a determinação era retomar o controle do presídio. "A ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras unidades", afirmou Virgolino, que diz ter chamado todos os agentes penitenciários que estavam de folga. O estado possui cerca de 800 agentes penitenciários.

penitenciária, presídio, Alcaçuz, rn, rio grande do norte, polícia militar, pm, bope, blindado (Foto: Fred Carvalho/G1)Blindado da Tropa de Choque da PM do RN entra na penitenciária estadual de Alcaçuz, (Foto: Fred Carvalho/G1)
presos, detentos, penitenciária, presídio, Alcaçuz, rn, rio grande do norte (Foto: Fred Carvalho/G1)Presos amanhecem no telhado da penitenciária, de Alcaçuz, a maior do RN. (Foto: Fred Carvalho/G1)
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familiares, familia, presos, detentos, penitenciária, presídio, Alcaçuz, rn, rio grande do norte, polícia militar, pm, bope, blindado (Foto: Anderson Barbosa/G1)Familiares de detentos aguardam em frente à penitenciária de Alcaçuz (Foto: Anderson Barbosa/G1)

O motim
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 18h em Brasília. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) diz em nota que as mortes são "resultado de uma briga entre facções rivais". O governo do estado afirma que "'estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas".


"O sistema está superlotado há muito tempo. Eu costumo repetir que não há passo de mágica pra solucionar um problema crônico no Brasil. É um problema que, governo após governo, vem se ampliando", afirmou. "Nós temos aproximadamente, hoje, 650 mil presos. Com um deficit de quase 300 mil vagas. Obviamente, isso acaba tornando o sistema um barril de pólvora".Auxílio
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presídios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar "aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxílio". "Obviamente, em havendo esse pedido, o auxílio será imediato”, afirmou Moraes.

O governador do Estado, Robinson Faria, afimou ter entrado em contato com o ministro, para que o governo federal acompanhe a situação do Estado.

Presos estão nos telhados da penitenciária de Alcaçuz (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)Presos se abrigam nos telhados da penitenciária de Alcaçuz (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) emitiu nota afirmando ter montado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para executar as ações a serem empregadas na rebelião do presídio de Alcaçuz.

"Já estão no local o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e a Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro de mortes resultado de uma briga entre facções rivais", afirmou a secretaria.

Rebeliões e fugas
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano Feitosa.

Mais de 100 presos conseguiram escapar do presídio no ano passado, em 14 fugas. A maioria deixou o presídio por meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem vigilância.

Força Nacional
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perímetro externo das unidades prisionais localizadas na Grande Natal.

A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015, durante a série de motins no sistema prisional do estado, e o prazo de apoio poderá ser novamente prorrogado, caso haja necessidade.


Presos se rebelaram na tarde deste sábado (14), em Alcaçuz (Foto: Divulgação/PM)Presos se rebelaram na tarde deste sábado (14), em Alcaçuz (Foto: Divulgação/PM)

Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presídios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.

Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil presos - ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.

Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na região oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas.

 

 

 


Fonte: G1 / RN