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Tia contou que adotou a criança com intenção de utilizá-la em rituais de sacrifício
sexta-feira, 26 Fevereiro, 2016 - 08:00
Os rituais de tortura do menino de 4 anos e 8 meses aconteciam três vezes por semana, à noite e de madrugada, há cinco meses. Afirmação foi feita por Giovane da Silva Ortiz, de 18 anos, primo da criança que é o terceiro suspeito do crime, durante depoimento à polícia nesta quinta-feira (25) em Campo Grande, conforme o delegado Paulo Sérgio Lauretto.
"Ele confirmou participar de rituais de magia negra com os pais adotivos da criança desde setembro do ano passado. Neste período, ele comentou que batia no menino com cabo de vassoura e o queimava com charuto do cigarro. A versão dele é semelhante à relatada pelos outros envolvidos, tios e pais adotivos do menino", afirmou ao G1 o delegado, que é titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e está responsável pelas investigações.
Nessas ocasiões, ainda conforme o depoimento do jovem, ele estaria incorporado. "O suspeito falou que a tia dele fazia baixar um ente e, desta maneira, ele praticava os crimes. Ele também alegou ser primo distante da suspeita e estar morando 'de favor' na casa. Por conta disso, ele presenciava e participava dos rituais, para não perder a moradia. Ele ainda disse que duas filhas da suspeita participavam dos rituais. No entanto, não eram agredidas", comentou Lauretto.
Objetos usados na tortura foram encontrados na casa dos tios presos (Foto: Divulgação/ Polícia Civil de MS)
Após o depoimento, o jovem foi indiciado por tortura e encaminhado para o Instituto Penal de Campo Grande.
Prisões
A mulher de 31 anos, tia-avó e suspeita de torturar o menino de 4 anos em rituais de magia negra, foi presa em flagrante na terça-feira (23) e transferida para Corumbá na quarta-feira (24). O marido dela, de 46 anos, também está preso.
Os dois confessaram o crime e disseram que agiam sob influência de uma entidade espiritual, além de afirmar que agrediam a criança em situações fora dos rituais de magia negra. Os nomes dos tios-avós que tinham a guarda não serão divulgados nesta reportagem para garantir os direitos de proteção da criança.
Eles teriam sido os familiares mais próximos interessados na guarda da criança, depois que a avó materna devolveu a criança à Justiça alegando que não tinha condições de cuidá-la. A avó negou saber das agressões.
Em depoimento, a tia contou que adotou a criança com intenção de utilizá-la em rituais de sacrifício. Segundo a polícia, os pais da criança são usuários de droga e a abandonaram.
O terceiro suspeito foi preso em Aquidauana. Ele estava escondido na casa do pai e foi cercado pela polícia na tarde de quarta-feira (24).
Isolado
O garoto está internado em um quarto isolado na pediatria da Santa Casa com diversos ferimentos, causados por queimaduras provocadas por líquidos, charuto e cigarro, braços quebrados e unhas do pés arrancadas. Além disso, de um lado do olho ele possui apenas 20% da visão, enquanto que do outro lado não enxerga.
A criança que está sob a tutela da Justiça, com os outros dois filhos do casal suspeito, e terá as necessidades afetivas supridas, se depender da equipe de conselheiros.
A conselheira Cassandra Szuberky disse estar disposta a acompanhar o menino, mas não consegue esquecer uma ocasião em que a criança foi vista "feliz com o casal". Estavam acima de qualquer suspeita, com base nisso, Cassandra negou qualquer falha da equipe que fazia o acompanhamento da família adotiva. Em cinco anos como conselheira, diz que o caso foi o "mais traumático".
G1
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