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Tiroteio com 3 mortes no Paraguai volta a assustar fronteira com Brasil
segunda-feira, 20 Junho, 2016 - 08:00
Mais um tiroteio em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na noite de domingo (19), assustou moradores na fronteira com o Brasil em Mato Grosso do Sul. A troca de tiros aconteceu quatro dias depois da execução do narcotraficante Jorge Rafaat, morto com tiros de metralhadora ponto 50. A polícia paraguaia investiga se há relação entre os dois casos.
Segundo informações da Polícia Militar de Ponta Porã, uma caminhonete brasileira trocou tiros com a Polícia Nacional do Paraguai. Três pessoas morreram, sendo um brasileiro e dois paraguaios, e outros dois ficaram feridos.
O caso aconteceu por volta das 21h ( de MS). A Polícia Militar disse que foi solicitada em apoio à polícia paraguaia por conta de um veículo onde os ocupantes estavam atirando com armas de fogo de grosso calibre.
O tenente-coronel Waldomiro Centurião, comandante do 4º Batalhão da PM em Ponta Porã disse ao G1 que a caminhonete branca fugia da polícia paraguaia quando tentou atravessar a linha internacional em direção ao Brasil, mas voltou para o país vizinhos ao se deparar com a viatura da PM.
"Era um veículo suspeito que voltou para dentro do Paraguai quando encontrou com nossa guarnição na linha de fronteira. O conflito foi do lado paraguaio e foi bem pesado, com muitos tiros", afirmou o tenente-coronel Centurião.
Prisões
O narcotraficante Jorge Rafaat foi morto em uma emboscada na noite de terça-feira (14), em Pedro Juan Caballero, a menos de 500 metros da linha internacional que divide Brasil e Paraguai.
Os atiradores usaram uma metralhadora ponto 50, que foi adaptada em uma caminhonete, na parte dos bancos traseiros, que foram retirados. Câmeras de segurança de uma farmácia filmaram a execução.
Nove pessoas foram presas depois do atentado, segundo a agente fiscal do Ministério Público paraguaio, Camila Rojas. Ela conduz as investigações sobre a morte de Rafaat e disse ao G1 que oito seguranças de Rafaat foram presos por usarem armas proibidas no país.
O outro preso é um brasileiro suspeito de manusear a metralhadora ponto 50. Ele ficou ferido e está internado em estado grave. O carioca tem antecedentes criminais relacionados a uma facção criminosa que atua em São Paulo, segundo a agente fiscal.
O crime teria sido motivado por disputa de território, segundo Camila, mas a investigação ainda não tem autoria definida, apenas o autor material, que é o suspeito preso.
"Estamos investigando um homicídio doloso e tudo indica que a motivação tenha sido por disputa de território e o que se pode concluir é que seja entre é que essa disputa seja entre organizações criminosas rivais, pela forma que ocorreu, evidências e as armas usadas no atentado", esclareceu Camila.
Disputa
A morte de Rafaat é mais um capítulo da disputa de poder entre facções de narcotraficantes na fronteira, segundo o delegado de Polícia Civil de Ponta Porã, Jarley Inácio.
"Essa região aqui tem uma faixa de extensão de fronteira seca muito grande e propicia a entrada de todo tipo de ilícito no Brasil e as organizações criminosas perceberam ao longo do tempo que seria muito mais fácil ser o fornecedor do que ser simplesmente o consumidor e ficar à disposição do que fosse mandado. A partir disso, acredito que a guerra tenha sido travada e em razão desse problema [de fronteira seca] essa disputa trouxe para cá índices de homicídios que têm aumentado nos últimos anos em decorrência dessa guerra", afirmou Jarley.
Filme de terror
No dia seguinte à execução, a loja de pneus do traficante foi incendiada e na madrugada de sexta-feira uma empresa de segurança também foi atacada a tiros e um segurança foi feito refém.
Moradores da região de fronteira ficaram assustados com o atentado. Uma testemunha paraguaia disse que parecia "filme de terror". Ela passava pelo local quando viu o carro com a metralhadora atirar contra o carro de Rafaat. "Tive medo de morrer porque os tiros não paravam. Eu só rezava", fala a jovem.
Enterro
O corpo do narcotraficante Jorge Rafaat foi enterrado em Ponta Porã no começo da tarde desta quinta-feira. O velório aconteceu durante a manhã em território brasileiro e teve reforço policial em decorrência ao risco de atentado, segundo informações das polícias Militar brasileira e Nacional paraguaia.
Rafaat foi condenado pela Justiça brasileira por tráfico internacional de drogas em 2014, mas vivia no Paraguai como um empresário de sucesso. Ele era conhecido como o "rei da fronteira". A polícia apreendeu muitas armas e munição, deteve sete suspeitos e acredita que o motivo de crime tenha sido uma disputa pelo controle do tráfico de drogas na região.
O processo que levou à condenação de Rafaat foi presidido pelo juiz federal Odilon de Oliveira. "A população da fronteira, dos dois lados, tem que conviver com essa insegurança. Na fronteira, todo dia, morre gente assassinada, isso é histórico, já faz parte do cotidiano daquela gente", disse o magistrado.
G1