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Fazendeiro que matou indígena de 15 anos não deve mais ser preso, diz delegada
segunda-feira, 29 Abril, 2013 - 13:30
O fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, 61, deve responder permanentemente em liberdade pelo assassinato do indígena guarani-kaiowá Denilson Barbosa, 15. Conforme a delegada responsável pelo caso, o primo e do irmão da vítima – testemunhas principais do crime – deveriam ter sido ouvidos novamente por carta precatória, mas a Polícia Federal devolveu o documento sem o novo depoimento que é considerado fundamental para a conclusão do inquérito, sem justificativa.
Conforme a delegada Magali Leite Cordeiro, o documento foi enviado no dia 3 de abril para a coordenadoria geral da Polícia Federal em Brasília, e foi devolvido na quinta-feira, 25, sem nenhuma justificativa pelo porquê dos indígenas não terem sido ouvidos. “Foi enviada essa carta precatória e nós tínhamos a expectativa de que o novo depoimento dos indígenas fosse viabilizado, mas recebemos o documento de volta sem nenhuma argumentação por parte da Polícia Federal, e voltamos a estaca zero”, disse Magali.
Conforme a delegada, por conta do inquérito seguir “travado”, a possibilidade de prisão preventiva de Orlandino é nula. “Se tinha essa possibilidade, agora não tem mais por causa da inexistência de pressupostos relacionados à ele, já que ele não tem antecedentes criminais, possui residência fixa, não está interferindo nas investigações e está a disposição para qualquer esclarecimento”, explica.
Sem o cumprimento da carta precatória, o inquérito segue se arrastando. Isso porque ainda de acordo com Magali, esses dois depoimentos são fundamentais principalmente para que seja esclarecida a versão dos próprios indígenas, que alegam que Orlandino não agiu sozinho, e que o tiro dado em Denílson foi à queima roupa (fato já contestado em laudos da perícia técnica). “Precisamos desses depoimentos e também de novas diligências que encerram o inquérito. Já perdemos dois prazos de 30 dias para a conclusão, por causa da barreira criada pela própria Secretaria de Direitos Humanos, que está dificultando o colhimento dos novos depoimentos”.
Para ser encaminhado à Justiça, o inquérito precisa ser encerrado. E para ser encerrado, os depoimentos dos indígenas precisam ser colhidos. Portanto, a delegada diz que vai tentar uma nova articulação para tentar viabilizar o cumprimento da carta precatória. “Vou tentar junto ao delegado da Polícia Federal em Dourados alguma maneira para que a carta precatória seja cumprida, e o processo ande. É impressionante que uma medida protetiva em favor dos indígenas está prejudicando os interesses deles mesmos. Mas vamos seguir com o trabalho e as com as possibilidades disponíveis para encerrar o caso”, finalizou Magali.
(Dourados News)