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Fãs enfrentam lama e não reclamam de 2 horas de atraso para ver Luan Santana

on qui, 02/05/2019 - 11:53
quinta-feira, 2 Maio, 2019 - 11:45

Luan dá boa noite aos fãs em Jaraguari. (Foto: Kisie Ainoã)

Retorno, música nova, agradecimentos, frases de motivação, canção internacional e a volta para “onde tudo começou” na carreira do “gurizinho” de Jaraguari. A 1º apresentação de Luan Santana na cidade a 44 quilômetros de Campo Grande foi cheia de recordações e novidades.

O show estava programado para às 19h, no entanto, por conta da chuva, começou às 21h. Parte da estrutura do palco, que não podia ser molhada, foi retirada e por volta das 17h retornou a ser montada. Mas nem o lamaçal que se espalhou pelo espaço preparado para a apresentação impediu que o lugar lotasse. Luan subiu ao palco emocionado, depois da exibição de um vídeo, sobre nunca desistir de um sonho.

Local do show durante o dia com muita chiva e barro - Foto: WhatsApp / InfocoMS

Para começar, um “E ai? Jaraguari” e a música Vingança, gravada em parceria com o MC Kekel. A plateia cantou sozinha o refrão a pedido do cantor e ao terminar a primeira canção, Luan falou que nunca esqueceu dos “conterrâneos”. “Depois de 11 anos a gente volta. Depois de tanta coisa linda ter acontecido na vida da gente. Eu nunca me esqueci de vocês. Nunca me esqueci de quem acreditou em mim no começo, nunca me esqueci dos primeiros palcos e é por isso que essa noite é tão especial. Prepara o flash do celular, a lanterna, o que tiver que acende e ergue pro alto. Eu voltei Jaraguari”, disse.

Luan viu os cartazes dos fãs e leu cada um em voz alta, agradecendo pelo carinho. “Tem galera que viajou de vários lugares”, lembrou. No palco, o sertanejo cantou a música nova “A ou B” e até interpretou a canção “Shallow” de Lady Gaga e Bradley Cooper. Nos intervalos, recordava a todo momento do início da carreira.

No palco, o cantor lembrou de alguns amigos, como de Luiz Claudio. “O Kaka foi o cara que ajudou a gravar a canção Falando Sério. Foi ele quem arrumou a festa pra gravação. É por causa disso, que tudo começou. Quero o Kaka e meus tios subam, vamos cantar uma moda que costumamos fazer quando a gente se encontra”, disse.

Com a família e amigos reunidos no palco, a banda tocou a música, Chico Mineiro. O “gurizinho” deu espaço para os parentes darem uma “palinha” ao público e depois falou de mais um motivos especial do retorno. Luan contou que era data do aniversário de seu avô Cazuza, já falecido. “Vamos cantar os parabéns para ele. Não está mais entre a gente, mas sempre lembraremos dele”.

Luan pegou um violão, sentou bem perto dos fãs e cantou as músicas Falando sério, Sinais, Te Vivo, Meteoro e outros sucessos. O show encerrou cerca de uma hora e meia depois, e mesmo o cantor tendo deixado o palco, muita gente ficou no local até as luzes se apagarem.

Luan recebeu no palco amigos e parentes que fizeram parte da sua história. (Foto: Kisie Ainoã)

Barro não é problema - Nem mesmo o lamaçal que tomou conta de Jaraguari, impediu que os fãs viajassem mais de 400 quilômetros para ver de perto o sertanejo. Moradores de Corumbá, Miranda, Bandeirantes, Campo Grande e até de Bauru (SP) vieram para o show. Teve gente que chegou às 8h para conseguir um espaço na frente do palco, atolou o pé no barro e só saiu após tudo terminar.

Sonia Cabanha levou a filha Luara Vitória, de 13, para ver o show. A nora, Daniele Ximenes, e a neta, Isabele Ximenes, de 12, também entraram no programa. A família saiu cedo de Bandeirantes e junto levou um urso de pelúcia para entregar ao cantor. “É a primeira vez que estamos no show. A chuva não atrapalhou, porque ficamos dentro do carro e quando parou, descemos, compramos uma capa e já viemos aguardar a apresentação. Amamos todas as músicas dele, chegamos às 8h da manhã, trouxemos comida e só saímos quando tudo encerrar”, disse Sonia.

A chuva em Jaraguari, no período da manhã, até pode ter assustado alguns fãs, já que a expectativa era receber 40 mil pessoas. Contudo, não atrapalhou os, cerca de, sete mil, que estiveram no evento. O show foi ao lado do campo de futebol Candorzão, em um espaço aberto.

Katiele Martins, de 22 anos, cresceu ouvindo Luan Santana. Ela estava se preparando desde abril para sair de Miranda e viajar 254 quilômetros para ver o show ao lado da amiga de Corumbá, Vandriele Recalde, de 20, que enfrentou 473 km até chegar no local do evento. “Quando descobrimos o evento, começamos a se organizar. Sempre vamos nos shows que ele realiza no Estado, fomos em Aquidauana e Maracaju. A última vez que o vimos, foi na ExpoAgro em Campo Grande, em 2017”, contaram Katiele e Vandriele.

Nivaldo Feliciano é de Bauru (SP), a 704 quilômetros distantes de Jaraguari. Ontem, levou a esposa, Elza e as filhas, Yasmin e Julia Vitória para encontrar Luan. “Não conhecíamos a cidade. Estávamos passeando em Campo Grande e aproveitamos para vir aqui no show. Minhas filhas ficam pesquisando na internet e sabiam do evento. A mais velha já foi em outro show dele e é muito fã do Luan”, contou.

A campo-grandense Stefani Julia fez questão de sair da Capital por um dia, para se aproximar do ídolo. “É a segunda vez que vou no show dele. Estava esperando por esse evento. Comprei a faixa com o nome do Luan no primeiro show que fui, em 2012. Acompanho ele desde o começo e só de vê-lo, vale muito. A chuva não atrapalhou em nada e viria mesmo debaixo d’água”, destacou.

De casa - As "luanetes" de Jaraguari não ficaram de fora. Railani Freitas, 14, Maria Vitória, 11, Yasmin Fernanda, 14, são fanáticas pelo “gurizinho” e até recordam de uma vez que o viram na cidade. “Estava esperando pelo show há muito tempo. Fizemos camisetas para homenagear ele”, disse Railani. “É a segunda vez que o vejo. A primeira foi quando visitou Jaraguari, em 2017. Vi em um mercado, perto da praça”, lembra Maria Vitória. “Também consegui ver. Depois me tornei fã porque minha bisavó gosta muito dele”, completa Yasmin.

Assim como o trio, as meninas, Evelin Vitória, 12, Maria Eduarda, 10, Beatriz Cristina, 12 e Maria Eduarda, 14, acompanham a vida de Luan Santana e relatam que criaram um fã clube para o artista na cidade. “Desde 2015 seguimos a carreira dele. É muito emocionante recebe-lo aqui, porque é uma cidade pequena. Queremos que venha mais vezes, estamos com camiseta, copos, mochilas e as preparações começaram em abril”, disseram.

Luan levou show com os principais sucessos de 11 anos de carreira. (Foto: Kisie Ainoã)

Eu conheço Luan - Na cidade, todo mundo tem uma história para contar de Luan Santana. Alceu Reichol, por exemplo, recorda que estudou com a mãe do cantor, dona Marizete Santana, e também viu as trasnformações do astro. “Tenho uma lembrança do primeiro show, ele foi fazer uma canja e estava trocando de voz. O pessoal tirava sarro, mas isso é normal. Sempre foi muito carismático. Estava devendo um show para Jaraguari, porque quando começou, tocava só com um violão. Esteve aqui em 2017, chegou de repente em uma conveniência, sentou e tocou para os amigos”, recorda.

O endereço dos avós de Luan também é famoso na cidade. “É ao lado do posto de um gasolina. Muitas pessoas passam por lá e perguntam do local, tiram fotos. O pai dele morava em Campo Grande. O Luan vinha pra cá nas férias, brincava, subia nos pés de manga. Tenho consideração por ele, vi crescer. Cansei de vê-lo nos programas de televisão, falando de Jaraguari", diz Alceu.

A empresária Claudineli Braga garante que, apesar de não ter sido próxima de Luan, antes da fama ele cantava no bar de seu pai. “É um bar bem de esquina com a casa do tio dele. A gente se emociona até de falar nele porque é da terra. Pelo fato de conhecer a família, torço muito por ele. É lindo tudo que construiu. Aqui não existe ninguém que não seja fã. Vem de uma família humilde, tradicional”, conta.

Claudineli afirma que Luan nunca virou as costas para Jaraguari. “ Hoje tem uma carreira, não tem como vir direto. Mas a família sempre está junta. O Luan até já doou um parquinho para a creche há um tempo. Sempre que precisa de alguma coisa, o pai dele dá uma atenção”, disse.

Velho companheiro - O amigo e “descobridor” de Luan, Luiz Cláudio, o Kaka, recorda do início. “Fui o primeiro a gravar o Luan Santana. Vi ele cantando na rua e acreditei nesse sonho, conheço desde criança. Conversei com o pai dele e fizemos uma gravação improvisada, tudo amador. Ele tinha uma preocupação com relação as músicas inéditas”, conta.

Na época, Luan era um garotinho. “Tinha uns 13, 14 anos. Guardei uma cópia do CD que ele não gostou e espalhei. Distribui na cidade, entre os amigos. Não conseguimos explicar onde foi parar esse trabalho que chegou no mundo. Tô paralisado, é um motivo de muito orgulho recebê-lo”, afirma.

Durante o show, Luan revelou que contava com a ajuda do amigo Joãozinho e de seu tio Max, para cantar em troca de dinheiro. “Eu pegava meu violão, colocava debaixo do braço. Meu tio, o Joãozinho e eu, íamos de casa em casa, perguntando se as pessoas queriam ouvir uma música, mas por R$ 5. Cantava Zezé de Camargo e Luciano, Bruno e Marrone, Leonardo e quando chegava na metade da canção, parava. Dizia que por mais R$ 5, eu terminava a canção”, recordou o artista no palco.


Fonte: Campo Grande News