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Médicos da Santa Casa ameaçam greve se não receberem em 72 horas

on ter, 25/06/2019 - 10:23
terça-feira, 25 Junho, 2019 - 10:15

Os médicos que trabalham na Santa Casa de Campo Grande, sob regime celetista, tomaram decisão de paralisar 70% das atividades, se não receberem os salários atrasados até sexta-feira (28).

Santa Casa de Campo Grande

A decisão foi tomada durante assembleia geral, na segunda-feira (24), em razão do atraso no recebimento do salário que deveria ser depositado no 5º dia. 

Conforme informado pelo Sindicato dos Médicos, a justificativa que receberam da instituição foi de que o repasse feito pela Prefeitura de Campo Grande não aconteceu de forma integral, mas, deve ser concluído até dia 28. 

Diante da informação, a categoria confirmou que aguardará por 72 horas a efetivação do pagamento e caso não aconteça paralisará 70% dos atendimentos ambulatoriais, cumprindo o percentual mínimo de atendimento em 30% nos serviços de urgência e emergência. 

NOTA OFICIAL

Os Médicos do Corpo Clínico da Santa Casa de Campo Grande vêm a público manifestar insatisfação com a atual conjuntura em que vive o maior hospital prestador de serviço do Sistema Único de Saúde em Mato Grosso do Sul. 

Há anos, e mesmo com um aporte de verbas públicas cada vez maior, a gestão do hospital encontra dificuldade em honrar os contratos com as diversas especialidades médicas que compõem o competentíssimo Corpo Clínico da Instituição. Esses especialistas possuem um papel essencial, são a engrenagem para a manutenção da qualidade e da assistência aos pacientes, sempre prezando pela ética e as boas práticas.

Não é de hoje que o hospital enfrenta tais adversidades como, escassez de materiais, dificuldade na realização de exames, aparelhos sem manutenção com iminente chance de danos, dificuldade no agendamento de cirurgias eletivas. Enfim, são problemas recorrentes e que ao nosso ver, a solução está cada vez mais distante, tornou-se utopia.  

Vale ressaltar também, as diversas demissões ocorridas no ano de 2017, onde cerca de 14 excelentes médicos foram desligados do hospital de maneira arbitrária. Na época, a gestão da Santa Casa já alegava passar por crise financeira, portanto como era possível realizar tantas demissões? 

Como poderia uma instituição encalacrada em dívidas pagar em indenizações, legalmente previstas, mais de um milhão de reais?  São questões sobre as quais ponderamos diariamente e não obtemos respostas. Ao contrário, quem questiona recebe como resposta, retaliações imediatas.

Notável o distanciamento entre a atual gestão e o Corpo Clínico, o que dificulta ainda mais a participação dos médicos nas decisões estratégicas para a obtenção dos resultados operacionais que a instituição sonha em ter. 

Mesmo sendo um hospital privado, cabe a sociedade civil organizada e aos gestores públicos uma ampla discussão sobre essa crise, pois o hospital conta com um grande aporte de verbas públicas em seu faturamento mensal e não sabemos onde este dinheiro é investido, não há uma transparência financeira quanto à aplicação dos recursos recebidos pelo SUS. 

A direção da Associação Beneficente de Campo Grande – Santa Casa, tem deixado de lado sua marca “centenário de solidariedade”, preocupando-se apenas com os interesses capitalistas, submetendo-nos a um ambiente de insegurança, desânimo e  que em breve, irá refletir de forma direta no atendimento prestado à sociedade, pois estamos cada vez mais desmotivados, acuados, como não poderia deixar de ser.

O atraso salarial dos médicos da Santa Casa é um problema crônico longe de ser sanado. Há anos os gestores do hospital não conseguem manter o compromisso básico de manter em dia o salário dos funcionários. Não há justificativa plausível para a persistência de tal situação, não convém atribuir a responsabilidade às entidades governamentais, pois a relação de trabalho é entre hospital e médicos. Portanto medidas devem ser tomadas para evitar o descumprimento das obrigações trabalhistas. 

Corpo Clínico da Santa Casa

*Colaboração Natália Yanh


Fonte: Correio do Estado