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Adolescente confessa que pecuarista e filha foram agredidos e queimados vivos
segunda-feira, 17 Junho, 2013 - 09:15
A Polícia Civil, por meio de uma equipe comandada pelo delegado Amylcar Eduardo Romero, apreendeu um adolescente de 15 anos que participou do latrocínio ocorrido no dia 2 deste mês na fazenda Araras, em Pedro Gomes, região norte de Mato Grosso do Sul. As vítimas do crime foram o pecuarista Oscar Serrou Camy, de 78 anos, e de sua filha Marta Serrou Camy, de 44 anos.
O delegado explicou que confirmou a identidade do adolescente na quinta-feira (13), mas a polícia trabalhou por mais de 24 horas para encontrá-lo. Romero disse que, para conseguir a confissão do adolescente, teve de apresentar vários fatos que confirmavam sua participação no crime.
O adolescente foi ouvido na madrugada deste domingo (16) e revelou detalhes surpreendentes do crime cometido por ele e mais dois comparsas, identificados como Carlos e Robson, que estão sendo procurados pela polícia.
Segundo o adolescente, as duas vítimas foram queimadas ainda vivas. Depois de serem servidos com tereré na casa da família, Robson foi até os fundos e pegou uma barra de ferro, pedindo para o adolescente se afastar, pois iriam matar o velho.
Oscar ouviu a conversa e se trancou num quarto, enquanto Marta correu para os fundos da residência. Carlos ficou batendo na porta para arrombar e Robson ficou segurando a mulher. Ao conseguir entrar no quarto, Carlos derrubou Oscar no chão e pediu que o adolescente chutasse, sempre exigindo dinheiro.
Diante da afirmação do pecuarista, de que não tinha dinheiro, Carlos desferiu um golpe na cabeça do mesmo, que mesmo ferido, continuava vivo. Desesperada, do lado de fora da casa, Marta implorava que não matassem seu pai. Em seguida, o adolescente e Carlos começaram revirar a casa em busca de dinheiro.
A mulher foi levada para dentro da casa e começou a ser agredida e estuprada por Carlos e Robson, que em seguida chamaram o adolescente para participar da tortura. De acordo com o adolescente, ele também estuprou a vítima, que estava com um pano na boca para não gritar.
Depois do adolescente, Carlos e Robson voltaram a estuprar Marta, até que Robson tampou a boca e o nariz da vítima, até que a mesma desmaiasse. Com isso, a mulher foi levada para o quarto onde o pai estava ferido. Apesar de tudo, ambos continuavam vivos.
Entretanto, o trio demonstrou que não tinha limite para maldade, jogaram um colchão em cima do pai e da filha, jogaram álcool e atearam fogo. Enquanto ambos eram consumidos pelas chamas os três continuaram vasculhando a residência, onde encontraram R$ 930,00 e um revólver de calibre 38 com quatro munições intactas e uma deflagrada.
Além do dinheiro e da arma, o trio levou uma bicicleta e algumas roupas das vítimas. O adolescente informou que o carro da família não foi levado porque nenhum dos três sabia dirigir. Eles também não pegaram os celulares por medo de serem rastreados.
Conforme o adolescente, os três deixaram a fazenda a pé, empurrando a bicicleta, e num determinado ponto, antes da fazenda Bananal, Carlos e Robson tomaram rumo ignorado, sendo que o adolescente foi para o assentamento Recreio, que fica no entroncamento das rodovias MS-215 e BR-163.
Depois de almoçar, o adolescente dormiu tranquilamente até às 16 horas e voltou a encontrar os comparsas, ficando os três juntos no local. Porém, no meio da semana Carlos e Robson fugiram para a região de Sonora, pois estavam com medo de ser pegos pela polícia.
Agora, com base nas características da dupla, a polícia vai produzir retratos falados, na tentativa de localizar ambos. O adolescente informou que Carlos é baixo, magro e moreno, possui duas tatuagens da panturrilha da perna direita, numa delas está escrito “Deus nunca faltarás” e a outra é uma folha de maconha. Nas costas de Carlos está tatuado um palhaço e nas costelas a foto de sua mãe, totalizando quatro desenhos no corpo.
Já Robson é alto, magro e moreno e tem duas tatuagens. No braço direito tem desenhos de chamas de fogo e no pulso do braço esquerdo de uma cobra. O adolescente confessou que a barra de ferro usada foi levada para o assentamento e transformada em estaca.
A trama
O adolescente relatou que conhece Robson e Carlos há mais de dois anos. Um dia antes do crime, a dupla foi até o assentamento onde o adolescente morava com sua avó há mais de um ano. No local, eles ficaram sabendo por meio de um homem que seria líder do assentamento de que o pecuarista estava precisando de funcionários para extração de madeira.
O líder ligou para Oscar informando que tinha duas pessoas para trabalhar em sua propriedade. Com isso, o pecuarista foi até o assentamento, na companhia da filha, para buscar a dupla, que seguiu para a fazenda e trabalhou até às 18 horas.
No domingo, dia do crime, Carlos e Robson convidaram o adolescente para ir até a fazenda tomar tereré, somente no caminho a intenção foi revelada. Na fazenda, o trio foi recebido por pai e filha, sendo que Marta foi quem fez o tereré para servir aqueles que pouco tempo depois acabariam com sua vida, assim como também colocariam fim a vida de seu pai.
A investigação
Além de apreender o adolescente, o delegado já conversou com muitas pessoas desde que o crime ocorreu, buscando elementos que visem a elucidação do crime. "Também estamos percorrendo algumas cidades da região, com apoio das polícias, na tentativa de encontrar os outros dois envolvidos", comentou Romero.
Quanto ao adolescente, o delegado pediu a internação do mesmo, que foi deferida pela Justiça. Assim, o adolescente ficará apreendido por pelo menos 45 dias. No entanto, Romero aposta que o caso será julgado nesse período, mantendo o adolescente internado por até três anos, dependendo da decisão judicial.
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