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Pó de rocha é alternativa para a crise de fertilizantes

on sab, 23/04/2022 - 22:11
sábado, 23 Abril, 2022 - 22:15

A exploração do pó de rocha surgiu como alternativa para a crise no fornecimento de fertilizantes para a agricultura brasileira, a qual foi agravada com a guerra entre Ucrânia e Rússia. Atualmente, os estados do Centro-Oeste são os que mais estão usando esse produto e Mato Grosso do Sul já possui pelo menos três mineradoras neste segmento.  

Imagem: reprodução / MF Rural

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), o produto tem um custo barato e é genuinamente nacional.  

Hoje, os fertilizantes mais conhecidos como formulações de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) são, em sua maior parte, importados e controlados por poucos países produtores, entre eles, EUA, Rússia, Ucrânia, Canadá, China e Alemanha.  

“Estamos vendo a dificuldade de importar estes fertilizantes, devido a embargos aos países que estão em guerra e, principalmente, o alto custo de importação. Para não sofrer com a dependência desse tipo de insumo altamente solúvel – NPK – o uso de remineralizadores passa a configurar-se como uma alternativa viável”, explicou Verruck.  

De acordo com o secretário da Cadeia Produtiva da Mineração da Semagro, Eduardo Pereira, em Mato Grosso do Sul já existem mineradoras em atividade que conquistaram o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).  

Entre essas mineradoras estão: a Mineração Esteio, no município de Itaporã; a Mineração Campo Grande, no município de Terenos; e a Mineração São Francisco, localizada no município de Inocência, a qual está em processo de obtenção do registro para comercializar remineralizadores.  

Diante de tal cenário, Mato Grosso do Sul tem se destacado no ramo, potencializando a economia e a sustentabilidade do setor agrícola no Estado.

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Segundo Eduardo Pereira, a rochagem é uma tecnologia que prevê o acréscimo de rochas moídas ao solo.  

Desse modo, as rochas devem ser ricas em macro e micronutrientes, melhorando a fertilidade do solo, principalmente os solos tropicais.  

Conforme a explicação, o pó de rocha age revertendo os processos de erosão e degradação causados por atividades antrópicas ou mesmo por processos naturais causados pelo intemperismo.  

A opção é viável, pois há vários tipos de rochas com características distintas em diferentes regiões do país. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, ocorre a formação Serra Geral, que abrange do sul ao norte do estado, composta por rochas basálticas.  

Além dessas, temos as rochas alcalinas, encontradas no Fecho dos Morros e no Morro Pão de Açúcar, no município de Porto Murtinho, bem como os calcários e fosfatos, da Serra da Bodoquena.  

Para Eduardo, outras vantagens estão relacionadas aos aspectos social e ambiental.

“Tais produtos podem possuir minerais com ampla variedade de nutrientes, entre os quais o fósforo, o potássio, o cálcio e o magnésio, além de uma série de micronutrientes, ocasionando uma espécie de rejuvenescimento para os solos de baixa fertilidade”, enfatiza Pereira.

Segundo a geóloga Magda Bergmann, as rochas basálticas têm expressividade nos terrenos de planalto, áreas de maior presença da agricultura de MS.  

“A nova rota alternativa de insumos para produção agrícola não pretende competir com os fertilizantes solúveis, mas complementar o uso desses fertilizantes”, disse Magda.  

Ela destaca, ainda, que as rochas não possuem teores equivalentes ao dos fertilizantes solúveis e também não possuem, necessariamente, todos os nutrientes que uma determinada cultura agrícola exige.  

Benefícios  

Um dos principais benefícios do uso do pó de rocha é o baixo custo. Em comparação com outros insumos importados, custando cerca de 20% a 30% a menos, aponta pesquisa da Universidade de Brasília (UnB).  

Segundo os dados, os níveis de fertilidade são crescentes e resultados positivos são observáveis até cinco anos após a aplicação dos remineralizadores.

Recorrentemente, a produtividade mostra-se equivalente ou superior às obtidas pela fertilização convencional. Em alguns casos, o rendimento pode ser até 30% superior do que o obtido com insumos químicos.  

Nos casos de culturas agrícolas de ciclo longo como a cana-de-açúcar e a mandioca, nota-se melhor desempenho, porque as plantas utilizam por mais tempo os nutrientes disponibilizados.  


Fonte: Correio do Estado