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MS avança para ocupar 2 milhões de hectares de florestas plantadas até 2030
terça-feira, 14 Fevereiro, 2023 - 07:15
Presente em Mato Grosso do Sul desde a década de 70, foi nos anos 80 que com a concessão de incentivos fiscais federais começou o ciclo do eucalipto no Estado, com previsão – já na época – de cultivar 500 mil hectares. Com as florestas plantadas veio a primeira frustração. Sem indústrias para beneficiar o eucalipto, as plantações foram sendo abandonadas, utilizadas para outros fins e somente em meados do ano de 2003 é que projetos de envergadura começaram a ressurgir, quando foi criada a Câmara Setorial de Florestas no Estado.
Plantação de eucalipto em área rural de MS; cultivo já chega a 1,3 milhão de hectares no Estado. (Foto: Divulgação/Paulo Cardoso)
O presidente da Reflore-MS (Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), Júnior Ramires, cuja família está no ramo de silvicultura há 50 anos, se lembra bem da área plantada com eucaliptos em 2003: 90 mil hectares. "Sessenta mil hectares eram então da International Paper".
"Como se pode ver, não é de hoje a previsão de transformar Mato Grosso do Sul no Vale da Celulose", compara o presidente da Reflore. Segundo ele, a desoneração da licença ambiental para cultivo do eucalipto, em 2007, foi o fator que alavancou a plantação no Estado na bacia do Alto Paraná.
Dito Mário (diretor-executivo) e o presidente da Reflore-MS, Júnior Ramires. (Foto: José Roberto dos Santos)
Na época, falava-se na recuperação, através do plantio de florestas, de 8 a 9 milhões de hectares de pastagens degradadas no Estado, boa parte dela na região da Costa Leste, o chamado Bolsão. "Eram solos destinados à pecuária, subaproveitados, de baixo rendimento", lembra o diretor-executivo da Reflore-MS, Dito Mário.
Entre 2008 e 2009, com a criação do Plano Estadual de Florestas Plantadas, o Estado traçou a primeira meta de alcançar 1 milhão de hectares, prevista para acontecer em 2030. "Subestimamos a capacidade do setor", afirma Ramires. Em 2017 o Estado alcançou essa marca.
Hoje, a estimativa da Reflore é que o Estado tenha 1,3 milhão de hectares. "E o Plano Estadual já foi até revisado. Até 2030 nossa estimativa é de 2 milhões de hectares de florestas plantadas", estima a entidade.
Depois de 10 anos com o preço da madeira estagnado, inverteu-se o jogo e hoje há mais demanda do que oferta, ao contrário do que ocorreu na década de 80. "Muita gente entrou e saiu do setor, mas o fato é que hoje o produtor não tem problema para vender, o que não acontecia até 5 anos atrás", avalia Ramires.
Apesar de a maior parte da madeira ser destinada à produção de celulose, o uso do eucalipto para produção de lenha e madeira ganha uma importância fundamental para o produtor na hora de planejar o cultivo.
Floresta plantada de eucalipto em MS; cada 10 hectares gera um emprego na cadeia produtiva da madeira. (Foto: Divulgação/Paulo Cardoso)
Os efeitos da floresta plantada
A Reflore calcula que só na recuperação de áreas (degradadas ou não), o plantio de eucalipto tornou economicamente viável cerca de 1 milhão de hectares. Isso sem falar na valorização da terra. "Em 2008 uma hectare na Costa Leste, o principal polo de plantio, valia R$ 1.800,00. Hoje, não se compra a mesma área por menos de R$ 30 mil", compara Ramires.
Além disso, pondera Dito Mário, tem a questão da sustentabilidade. "São 1,3 milhão de hectares absorvendo gás carbônico e liberando oxigênio da atmosfera. Isso sem contar os benefícios do sistema silvopastoril".
Geração de emprego
"Hoje, nenhuma outra atividade gera mais emprego do que a cadeia produtiva da floresta plantada", garante Dito Mário. Para ele, a conta é simples, a cadeia gera um emprego para cada 10 hectares plantados. "Considerando o tamanho da área plantada em 1 milhão de hectares, são 100 mil empregos diretos e indiretos gerados.
O efeito multiplicador de oportunidades da cadeia produtiva do setor é gigantesco, tanto ambiental quanto social e econômico. A Reflore cita como exemplo a cidade de Três Lagoas, na Costa Leste, cuja população dobrou em 10 anos. O problema hoje, avalia Dito Mário, é que as cidades não estão preparadas para esse processo migratório em função das obras para construção das indústrias. "E não foi por falta de aviso. Desde 2009 quando traçamos o Plano Estadual de Florestas Plantadas, fizemos esse prognóstico do boom do setor", lembra Dito Mário.
Potencial produtivo
A Reflore calcula que hoje, considerando três linhas funcionando, duas da Suzano e uma da Eldorado (ambas em Três Lagoas), a produção de celulose seja em torno de 5 milhões de toneladas/ano. Em 2025, com a entrada em operação da fábrica da Suzano de Ribas do Rio Pardo (a 70 km da Capital Campo Grande), a produção seja em torno de 2,5 milhões de toneladas de celulose/ano e, com a entrada em operação, em 2028, da Arauco (município de Inocência), sejam produzidas mais 2,5 milhões de toneladas/ano de celulose.
"A Eldorado já sinalizou que deve dobrar a produção nos próximos anos. Todas as outras indústrias têm a intenção de dobrar a produção no futuro. Em Mato Grosso do Sul mesmo já se cogita a instalação de novas indústrias. Tudo vai depender do mercado mundial. Há algumas variáveis que determinam aumento dessa demanda, que é inevitável", finaliza o presidente da Reflore-MS, Júnior Ramires.
Fonte: Campo Grande News