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Vistoria anual de carros mais velhos deve render R$ 94 milhões e aumentar frota ilegal
segunda-feira, 23 Fevereiro, 2015 - 09:45
As novas regras para a liberação do licenciamento de veículos fabricados há mais de cinco anos já estão valendo. O decreto publicado no dia 30 de dezembro, pelo Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), prevê vistoria anual no valor de R$ 103,45 e deve movimentar mais de R$ 94 milhões no Estado. Para condutores, garagistas e até mesmo donos de oficinas, a medida pode fazer com que muitos automóveis percam a valorização comercial e se tornem parte da 'frota ilegal', rodando com documentos atrasados.
Atualmente a frota de veículos com mais de cinco anos em todo o Estado é de 911.691, entre eles, 501.385 são de Campo Grande. O custo da vistoria anual obrigatória é de R$ 103,45, o que representa arrecadação de R$ 94,3 milhões, ou seja, mais de R$ 33 milhões apenas na Capital.
O tapeceiro, Francisco Ferreira Lima, de 56 anos, descorda do valor cobrado pela vistoria. “Já pagamos tantos tributos. É muita coisa para o consumidor. Deveria ser no máximo uns R$ 30,00. Esse valor é inviável, pesa demais no orçamento e isso sem considerar as despesas que o condutor terá com o carro. Vai ter muita gente inadimplente, ou então, muito carro abandonado”, destaca.
José Aparecido dos Santos, de 49 anos, que trabalha com venda de veículos, ressalta que para os motociclistas, a situação pode ser ainda mais complicada. “Dependendo do ano da moto, se somar o valor do IPVA, seguro obrigatório, licenciamento e vistoria, o custo final pode ser maior que o valor da moto. Não compensa”, afirma.
Embora seja dono de uma oficina há mais de 30 anos, Fernando Jacinto da Silva, de 53 anos, diz não ter visto vantagem na obrigatoriedade da vistoria. “Isso não vai aumentar a clientela, vai continuar a mesma coisa porque a maioria das pessoas só arrumam o carro quando ele deixa de funcionar, não fazem a revisão periódica. Penso que isso só vai aumentar a quantidade de carros irregulares circulando nas ruas. Muitos veículos são mais baratos que a regularização e vão ficar abandonados ou vão rodar até cairem em uma fiscalização e serem recolhidos”, enfatiza.
As novas regras também afetam o setor de venda de veículos usados. Segundo o garagista Willian Morelli, de 23 anos, será necessário pensar em uma estratégia de venda para que o consumidor não sinta a diferença no valor da compra. “A procura maior é pelos carros 2009/2010 que precisam dessa vistoria e qualquer coisa que acrescente na documentação, dificulta a venda. Vamos ter de pensar em uma administração mais inteligente para não perder e nem prejudicar o cliente. Vamos filtrar mais também na hora de comprarmos o carro”, explica.
A vistoria veicular periódica deve ser realizada com até 90 dias da data limite para o licenciamento na sede do Detran/MS, nas Agências de Trânsito do interior do Estado e nas ECVs (Empresas Credenciadas para Vistoria) e só terão validade após análise do setor de validação de vistorias do órgão responsável. Caso o veículo seja reprovado, o condutor terá 30 dias para que regularize a situação do automóvel. Passado o prazo terá de pagar a taxa novamente.
O Detran defende que a vistoria anual obrigatória foi pensada como forma de garantir as condições de circulação, certificar o uso dos itens de segurança e evitar acidentes. Questionada a respeito da quantidade de condutores inadimplentes, a assessoria de comunicação justificou que são muitos os licenciamentos em atraso e que é necessário um prazo mínimo de uma semana para que seja feito o levantamento.
Troca de placas - Um comunicado interno divulgado no último dia 9, no Detran, desobriga a mudança de placas normais para as refletivas. O custo para troca era de R$ 148,96 para carros e R$ 93,00 para motos. Conforme a nova regra a alteração deve ser feita apenas quando a identificação estiver comprometida.
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