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Estado pede ação do Exército em área de conflito entre indígenas e fazendeiros
segunda-feira, 31 Agosto, 2015 - 13:30
O governo de Mato Grosso do Sul quer que o Exército atue na área de conflito entre indígenas e fazendeiros na região de Antônio João, onde um indígena foi morto a tiros no sábado (29). A informação foi divulgada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) nesta segunda-feira (31), após reunião com representantes da segurança pública.
O pedido foi feito à Presidência da República em ofício encaminhado à Brasília (DF), por email, nesta manhã. Segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, no sábado (29), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em contato com o governador, antecipou que a presidente Dilma Rousseff vai assinar um decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que autoriza o deslocamento de tropas do Exército para a região.
"Queremos distensionar o ambiente de conflito e poder restabelecer a paz e o diálogo. Queremos estabelecer o lado da paz e da ordem dentro de Mato Grosso do Sul. Nós vamos ter isso com o Exército coordenando as forças de segurança pública, a Polícia Federal, a Força Nacional e as polícias Militar e Civil do Estado”, afirmou Azambuja.
Propriedades rurais na região de fronteira do Brasil com o Paraguai estão sob clima de tensão há cerca de duas semanas, quando um grupo de 80 indígenas ocupou cinco fazendas em Antônio João.
O pedido de instrumento de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) será para que o Exército possa atuar na região de conflito, juntamente com a Polícia Federal e a Força Nacional, que já trabalham na região, segundo o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
O chefe do executivo estadual informou que o pedido oficial de deve ser encaminhado à Presidência da República ainda nesta segunda-feira (31) e que a reunião foi feita para planejar ações militares na área de conflito. O objetivo é acalmar os ânimos e fortalecer o diálogo.
Os secretários de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Silvio Maluf, e de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, além do comandante Militar do Oeste, general de divisão Paulo Humberto Cesar de Oliveira, o comandante de operações do Comando Militar do Oeste, general de brigada Carlos Sérgio Câmara Saul; além de representantes da Polícia Federal, do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e parlamentares estaduais.
Morte
O rapaz de 24 anos foi morto a tiros no sábado (29), quando indígenas e fazendeiros entraram em conflito durante a retomada das propriedades. O indígena estava perto de um córrego, dentro de uma das fazendas invadidas, quando foi atingido por tiros.
Emergência
Por conta da tensão na região, o prefeito de Antônio João, Selso Lozano (PT), decretou situação de emergência.
A medida, conforme ele disse ao G1, foi tomada para auxiliar tantos as famílias do distrito de Campestre, que fica na área de conflito, e que acabaram deixando suas casas com medo dos reflexos da disputa fundiária, quanto os indígenas, que estariam passando fome.
Confronto
Segundo a Polícia Militar, nove propriedades rurais da região foram ocupadas por aproximadamente mil índios da aldeia Marangatu. Existe, inclusive, a suspeita de que índios paraguaios também estejam participando das invasões.
No sábado, fazendeiros que tiveram propriedades ocupadas deram início ao processo de retomada da sede da fazenda Barra. De acordo com a Polícia Militar de Antônio João, eles decidiram retomá-las 'à força' após uma reunião com autoridades políticas no Sindicato Rural da cidade.
Ainda neste sábado, por volta das 15h (de MS) foi encontrado o corpo de um indígena de 24 anos, que teria sido morto com disparo de arma de fogo quando estaria bebendo água em um córrego dentro da fazenda Fronteira, uma das áreas ocupadas pelos índios e que estava sendo retomada pelos produtores.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Antônio João como homicídio e continua sendo investigado pela polícia. O corpo foi encaminhado para exame necroscópico.
Os produtores rurais reagiram as ocupações, inicialmente bloqueando em protesto a rodovia MS-384, entre Antônio João e Bela Vista. O último bloqueio ocorreu na tarde de sexta-feira (28).
G1