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Camapuã: Verdana Agropecuária busca o Angus ideal para Cruzamento Industrial
quinta-feira, 13 Julho, 2017 - 12:00
Bruno Grubisich, sócio da Verdana Agropecuária e mentor do CAR - Foto: Reprodução / DBO
A partir de julho, a Verdana Agropecuária, empresa pertencente à família Grubisich, com três fazendas no Brasil – São Paulo (Itatinga) e Mato Grosso do Sul (Camapuã e Figueirão) – colocará em prática um programa inédito no país, batizado de Centro de Referência Angus (CRA), uma prova de desempenho que buscará identificar, anualmente, tourinhos Angus nacionais ideais para o cruzamento industrial em vacada Nelore, nas condições.
Para isso, o projeto contará com a parceria dos mais importantes criatórios brasileiros de Abeerden Angus (sobretudo do Rio Grande do Sul, berço de criação da raça de origem britânica no país), que ficarão encarregados de enviar os seus tourinhos para a fazenda de Itatinga, o local onde será realizada a prova de performance.
Segundo o pecuarista e empresário Bruno Grubisich, sócio da Verdana e mentor do projeto, pela primeira vez no país passará a existir um trabalho consistente de avaliação totalmente direcionado ao Angus nacional, que vai resultar na revelação anual de um seleto grupo de 5-6 touros jovens – entre 100 animais que serão testados anualmente pelo programa CRA –, com potencial para ingressar nas baterias de Angus das principais centrais de inseminação do país.
“Temos a necessidade urgente de avaliar e provar a nossa própria genética Angus, dirigida exclusivamente para o sistema brasileiro de produção e, especialmente, para o cruzamento industrial em vacada Nelore”, justifica Grubisich, também proprietário da Seleon Biotecnologia, central situada ao lado da fazenda da Verdana, em Itatinga.
Ainda de acordo com o empresário, a genética Angus “genuinamente brasileira” oriunda do CRA terá um volume de informações consistentes, trazendo maior segurança para o uso em cruzamento industrial condizentes com a realidade da pecuária extensiva adotada pelas fazendas de cria do Brasil Central, enfatiza Grubisich. “O problema é que o sêmen importado de Angus norte-americano, hoje utilizado largamente em protocolos de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), é selecionado em sistemas altamente intensivos, baseados em dietas de alto grão e voltados para a produção da raça pura, ou seja, envolve a seleção de Angus para Angus”, diz Grubrisich. Em decorrência disso, continua ele, alguns produtores desses animais gerados pela genética importada Angus acabam não recebendo dos frigoríficos as premiações (ágio sobre a arroba do boi gordo) almejadas inicialmente, por causa da falta de padronização e acabamento inadequado de carcaça.
Eficiência alimentar - Os touros que irão participar do programa de desempenho CRA serão avaliados por meio do sistema GrowSafe de medição Integrado, equipamento recém-instalado na fazenda da Verdana, que identificará os animais superiores em eficiência alimentar e conversão de matéria seca em carne, dentro das características da pecuária brasileira.
Pelas regras do projeto CRA, os custos do programa de eficiência alimentar serão 100% fomentados pela Verdana. Em contrapartida, a empresa de Grubisich se tornará sócia imediata de 50% de todos os animais participantes da prova, independentemente do destino futuro desses exemplares (ou como doadores de sêmen para as centrais de comercialização ou como touros superiores de repasse em programas de IATF).
Dieta - Durante três meses, de julho próximo a setembro, os tourinhos Angus irão receber no cocho equipado com o sistema GrowSafe uma dieta que simula as condições do pasto, com o fornecimento de ração para ganhos de aproximadamente 1,2 kg/dia. O trato será composto com volumoso e grãos com níveis de proteína e de energia equivalentes a um sistema de recria semi-intensiva em pastagens de alta qualidade e bem manejadas, condições ideias para a criação de animais F1. “Um dos objetivos é selecionar animais mais eficientes, ou seja, que conseguem ganhar mais peso comendo menos”, explica Grubisich.
Segundo o sócio da Verdana, o CRA segue as seguintes premissas básicas: pedigree totalmente fechado em linhagens pretas (para facilitar a padronização do bezerro meio-sangue), o mínimo possível de pelagem (para os animais cruzados suportarem o calor excessivo do Brasil Central) e que tenha grande arqueamento e profundidade de costela (para compensar o menor arqueamento de costela característico do Nelore). Além disso, todos os animais selecionados nas fazendas de cria para a prova do CRA precisam estar inseridos no Promebo (tradicional programa de avaliação genética da raça) – só podem participar da prova os tourinhos avaliados como Decas 1 e 2.
Testes de ultrassonografia – Depois de passar pela prova de eficiência alimentar, os animais serão submetidos a testes de ultrassonografia de carcaça, que visam identificar os animais superiores em gordura subcutânea, área de olho de lombo e marmoreio. Também serão realizadas avaliações de escores visuais de conformação, musculosidade e precocidade de acabamento de carcaça, bem como infestação de carrapato, aprumos, entre outros critérios.
A partir dessas medidas, os animais serão agrupados em escalas do melhor para o pior, tendo como referência os critérios de qualidade já existentes em programas de produção de carne gourmet. Os 20% melhores animais avaliados nesses quesitos seguirão para os piquetes da Seleon para a coleta e processamento sêmen. “O objetivo é colocar esses reprodutores superiores à venda a partir de 2018, no Leilão Anual da CRA”, esclarece Grubisich.
Os dados dos reprodutores e de seus descendentes ainda serão agregados anualmente a um Sumário de Touros Jovens Nacionais, proporcionando consistência e confiança ao usuário de genética Angus Nacional. Essa avaliação genética dos touros do CRA ficará a cargo do geneticista José Bento Sterman Ferraz, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da Universidade de São Paulo (USP).
A própria Verdana será uma das usuárias das melhores safras touros do programa CRA, a partir da inseminação em vacas Nelore situadas nas fazendas do Mato Grosso do Sul, onde a empresa possui um rebanho comercial de 2.000 fêmeas. O sêmen CRA também será utilizado em criatórios de parceiros criadores da raça Angus, que contribuirão para a avaliação dos touros com dados de engorda e abate, informa Grubisich.
Fonte: Portal DBO