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Comércio pela rota bioceânica em MS deve ter início em quatro anos

on seg, 24/02/2020 - 12:11
segunda-feira, 24 Fevereiro, 2020 - 12:00

A rota bioceânica vai integrar quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile com o objetivo de encurtar o caminho percorrido rumo ao mercado asiático. A via é um sonho antigo e deve entrar em operação em 2024.

O projeto tem atraído cada vez mais interesse internacional. O governador Reinaldo Azambuja recebeu embaixadores membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) na primeira quinzena de fevereiro. Os países do sudeste da Ásia têm condição de ampliar as relações comerciais do Estado, na avaliação do governador Reinaldo Azambuja(PSDB).

“São parceiros, mas a parceria ainda está muito aquém da capacidade que temos de ampliar negócio. Temos condição de vender muito mais. Mato Grosso do Sul é um dos grandes exportadores do Brasil, então, o objetivo de trazer esses embaixadores do sudeste asiático é conhecer a produção sul-mato-grossense, a escala industrial, principalmente a qualidade dos nossos produtos. Temos produtos industrializados da melhor qualidade, com sanidade, com controle, sem agredir o meio ambiente”, afirmou o governador.

Azambuja reforçou que com a redução de 17 dias para o trânsito de mercadorias rumo ao mercado asiático os produtos sul-mato-grossenses terão maior competitividade, já que significa um frete menor.

Obras

De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, as obras da rota bioceânica seguem em ritmo acelerado. A principal delas é a ponte sobre o rio Paraguai.

“Vamos inaugurar a ponte em novembro de 2023. Estamos abrindo no dia 29 de março os envelopes da empresa contratada para fazer o projeto da ponte. As obras no Paraguai avançam muito rapidamente. Então, todo o projeto, toda a questão de alfândega, toda discussão, é que no início de 2024 a rota já comece a exportar produtos para o Chile e consequentemente para países asiáticos. Temos monitorado muito fortemente esse cronograma, com o Ministério das Relações Exteriores e com Paraguai, Argentina e Chile. Acreditamos que a rota é uma realidade, os investimentos estão ocorrendo e, por isso, nós precisamos rapidamente ver que produto é competitivo para assim que ela for inaugurada ter fluxo de produtos e pessoas”, declarou.

O bloco econômico integrado por Brunei, Camboja, Singapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã, que formam a Asean, possuem população superior a 700 milhões de habitantes. Por isso, a necessidade de grande aquisição de alimentos, em especial proteína animal como aves, suínos e peixes. Existe também a possibilidade de investimentos como concessões de rodovia, ferrovia e hidrovia, entre outros.

Grupo asiático esteve em Campo Grande no dia 14 de fevereiro - Divulgação/Subcom

Potencial da Indústria

Em reunião na Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), o potencial da indústria de Mato Grosso do Sul foi apresentado e despertou a atenção dos embaixadores da Asean. Representantes do Myanmar, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Cingapura e Vietnã vieram em busca de informações sobre a Rota Bioceânica, a ser viabilizada com a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai que ligará o Brasil, via município de Porto Murtinho, no sul do Estado, aos portos do Chile, facilitando o acesso local ao mercado asiático.

Ficou definido que a Fiems será o ponto focal da interlocução entre os empresários sul-mato-grossenses e potenciais investidores do bloco e que, após este contato inicial, haverá um estreitamento das relações entre a iniciativa privada. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, também comentou que as operações comerciais entre a indústria de Mato Grosso do Sul e os sete países do bloco econômico ainda são tímidas – o Estado exportou US$ 287,7 milhões e importou US$ 36,3 milhões em 2019, segundo levantamento do Radar Industrial da Fiems –, mas apostou que, com o novo corredor bioceânico, a movimentação alcance US$ 1,5 bilhão por ano.

Novos horizontes

O presidente da Fiems enxerga oportunidades para todos os lados, tanto exportando os produtos sul-mato-grossenses, quanto importando os produtos do sudeste asiático. “Com a Rota Bioceânica Mato Grosso do Sul vai superar um dos maiores gargalos logísticos, que vai assegurar um expressivo ganho de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses, encurtando em 7 mil quilômetros, a partir de Campo Grande, o acesso ao mercado asiático, o que representa duas semanas a menos no tempo de viagem”, declarou Sérgio Longen. 

Segundo o presidente do bloco econômico, o embaixador do Myanmar, Myo Tint, os países estão alinhados para, juntos, iniciarem negócios com Mato Grosso do Sul. “A intenção é que todos os países e não somente Myanmar consiga exportar e importar com Mato Grosso do Sul”, ressaltou. Embaixador da Indonésia, Edi Yusup falou da localização estratégica do Estado. “Já vimos que Mato Grosso do Sul é um estado bonito, e por ser próximo do Paraguai está na porta de entrada do Mercosul, o que facilita bastante em termos logísticos”, analisou.


Fonte: Correio do Estado