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Com cheia rigorosa, Embrapa recomenda retirada total do rebanho no Pantanal
quarta-feira, 28 Março, 2018 - 14:00
Foto: Nicoli Dichoff / Embrapa Pantanal
A cheia rigorosa prevista para o Pantanal neste ano deve trazer prejuízos aos produtores de gado da região. A Embrapa Pantanal entregou um laudo técnico ao Sindicato Rural de Corumbá recomendando a retirada total dos rebanhos das fazendas do baixo Pantanal, nas regiões do Abobral, Nabileque e Paraguai.
No bioma, algumas propriedades são afetadas apenas pelas enchentes que sofrem a influência das chuvas, enquanto outras sofrem também os efeitos das cheias influenciadas pelo nível dos rios. De acordo com as informações do documento emitido pela instituição, a inundação deste ano atingiu uma área total de cerca de 40 mil km² até o mês de fevereiro. As áreas do médio e baixo Pantanal são as mais sujeitas aos impactos das grandes enchentes.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, os efeitos da inundação deste ano devem ser sentidos em 2019. “Esses animais, por serem retirados dessas áreas mais baixas, vão diminuir seu score corporal. Consequentemente, vão diminuir a produção de bezerros de maio de 2019”. O laudo técnico descreve que existem mais de 2,3 milhões de cabeças de gado na região do baixo Pantanal.
Com a falta de logística adequada para a movimentação dos rebanhos, o custo total do deslocamento dos animais por meio de comitivas até os pontos de embarque deve ficar em torno de R$ 5 milhões.
“Esse laudo técnico da Embrapa Pantanal serve para a gente como uma forma de embasar o pedido de estado de emergência no município de Corumbá e a prorrogação de vacinação, que começa no dia primeiro de maio na região do Mato Grosso do Sul”, afirma Luciano.
Ainda conforme o estudo da Embrapa Pantanal, as águas das chuvas de verão registradas entre os meses de outubro e março regulam a dinâmica hidrológica no bioma. Por isso, quando essas chuvas são volumosas, espera-se um alagamento relativo maior e mais duradouro. Dessa forma, a régua de Ladário no Rio Paraguai deve atingir de 4,81 a 5,78 metros em 2018, com estimativa de área de inundação entre 71 e 90 mil km² em toda a planície pantaneira.
“Vai afetar justamente uma região onde algumas propriedades praticam cria e outras a engorda de animais”, esclarece José Aníbal Comastri, coordenador do estudo. “É um solo extremamente argiloso que, na época das águas, fica como se fosse uma esponja, uma cola. Neste período, os bezerros mais novos ficam vulneráveis e podem morrer se o rebanho não for retirado com antecedência”.
Fonte: Correio do Estado