PUBLICIDADE
Fazendeiros podem ter destruído 25 mil hectares do Pantanal com incêndios criminosos
quarta-feira, 16 Setembro, 2020 - 08:45
A Polícia Federal encontrou indícios de que parte dos incêndios que se alastram pelo Pantanal é criminosa. Operação desencadeada na segunda-feira (14) cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em fazendas e nas casas de fazendeiros, suspeitos de provocarem danos em uma área de 25 mil hectares.
Brigadistas tentam apagar fogo no Pantanal; origem pode ser criminosa - Reprodução
Para encontrar os indícios de incêndios criminosos, a Polícia Federal usou dados de satélite de um núcleo da instituição em Brasília (DF), especializado em crimes ambientais, e também sobrevoou várias fazendas no Pantanal.
“São locais inabitados, em que os incêndios não começaram de forma acidental. Nossa suspeita é de que eles colocaram fogo antes para depois abrir uma área de pastagem”, explicou o delegado-chefe da Polícia Federal em Corumbá, Alan Givigi, que coordena a operação.
Dos 10 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal, dois foram em Campo Grande, na casa dos proprietários das fazendas, dois na zona urbana de Corumbá e outros seis nas propriedades no Pantanal.
“Em nossa equipe há peritos que vão poder comprovar a atuação nos locais dos focos de incêndios”, ressaltou o delegado.
Os incêndios investigados se alastraram para áreas de preservação permanente e também atingiram regiões como a Serra do Amolar e o Parque Nacional do Pantanal, já em território mato-grossense.
15 anos de cadeia
Os investigados devem responder por pelo menos quatro crimes ambientais: dano à floresta de preservação permanente, dano direto e indireto a unidades de conservação, incêndio florestal e poluição. Se condenados, a pena somada destes crimes ultrapassa 15 anos de prisão.
À operação desta segunda-feira (14), a Polícia Federal deu o nome Matáá, palavra que significa fogo na língua indígena guató.
“Trata-se de uma área povoada por animais em risco de extinção. O fogo alastrou-se pelas áreas dos parques. É um corredor ecológico que liga os parques do lado brasileiro e também em território boliviano”, explicou o delegado, sobre os possíveis crimes ambientais cometidos pelos fazendeiros.
Alan Givigi também comentou os efeitos da operação: “Além do caráter punitivo, que é o de apurar a responsabilidade criminal dos envolvidos, também serve de alerta a outros atores que atuam na região do Pantanal. Eles devem ficar conscientes de que devem preservar a região e cumprir a legislação ambiental”, comentou.
Fonte: Correio do Estado