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Você sabia? Camapuã teve o primeiro empreendimento comercial do MS

on ter, 07/01/2025 - 14:45
terça-feira, 7 Janeiro, 2025 - 14:45

Século XVIII. Mais de trezentos barcos, cada um carregando doze navegantes, partem de Porto Feliz, em São Paulo. É época das monções, as grandes navegações em busca de ouro, começando pelo Tietê. A viagem é extremamente difícil, mas onde há perspectiva de ouro, aventureiros não faltam. Navegam por muito rios do Mato Grosso do Sul até estabilizarem uma rota: serão 531 quilômetros pelo Tietê, 29 km no Paraná, 75 km no rio Pardo e mais 17 quilômetros até atingir Camapuã.

Os irmãos Leme

João e Lourenço Leme, eram descendentes de nobres de Bruges, na Bélgica. Seu pai, apelidado de “Torto”, constituíra fortuna nas Minas Gerais. Os irmãos vivem em Itu com má fama. Baderneiros. Envolvem-se em brigas de rua e em festas. Chega o dia em que são praticamente expulsos da pequena vila. E embarcam em uma monção. Serão eles a construírem o primeiro sitio no local que se denominaria Camapuã. Plantam milho e mandioca. Tamanha a quantidade de monçoeiros que lá chegam, a fazenda rapidamente vira um vilarejo. Lugar destinado ao comércio. Vendem mantimento e serviços de transporte fiado. A conta será paga com o ouro que os aventureiros conseguirem achar.

Mantimentos, agasalhos e bois de carga

No sitio de Camapuã os viajantes podiam encontrar mantimentos, agasalhos e bois de carga. Esse é um momento de grande importância, não só para a manutenção da vida dos monçoeiros como para a história. Camapuã é o primeiro empreendimento comercial do Mato Grosso do Sul. Em 1.750, contava com vários ranchos de palha onde armazenavam as cargas das canoas. Um dos maiores serviços prestados pela população de Camapuã era o transporte de barcos, realizado por bois vagarosos e descritos como fracos. Só havia dois cavalos, mas tinha algo como 600 vacas. A hipótese é que seriam vacas saídas da Vacaria, pois não há descrição que tenham sido levadas pelos monçoeiros. Ao chegar nas proximidades de Camapuã, encontravam grandes carroças de quatro rodas, puxadas por seis a oito juntas de bois, destinadas ao transporte de canoas. Os mantimentos eram transportados por carroças bem menores, de duas rodas ou pelos escravos negros. Cobravam muito caro pelo transporte. Há uma descrição de que vendiam agasalhos de seda. Difícil acreditar.

Caiapós cercavam Camapuã

O percurso entre o rio e a fazenda, transformada em vilarejo, era feito a pé. Ninguém andava sozinho, só em grandes grupos. Os caiapós atacavam constantemente os viajantes e os moradores. Todos andavam armados e sempre dispostos à luta. Depois de encherem seus alforjes de milho, farinha, feijão, arroz, carne de porco e de vaca, os paulistas seguiam viagem. No retorno, pagariam os mantimentos e serviços.


Fonte: CG News / Mário Sérgio Lorenzetto com InfocoMS