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Agricultura familiar deve contratar mais de R$ 20 bilhões

on seg, 17/02/2014 - 12:14
segunda-feira, 17 Fevereiro, 2014 - 15:00

As contratações de crédito feitas por assentados e micro e pequenos produtores rurais brasileiros por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) devem crescer cerca de 7,5% no ano safra 2013/2014 frente ao 2012/2013, passando de R$ 18,6 bilhões para R$ 20 bilhões. A previsão foi feita ao Agrodebate pelo secretário nacional da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SFA/MDA), Valter Bianchini.

Bianchini explicou que na primeira metade do ano safra, até dezembro de 2013, os agricultores familiares do país já haviam contratado R$ 12,5 bilhões, por meio de 1,1 milhão de contratos. “Como na segunda parte do ano safra, o volume de contratos tem sido equivalente a 40% do total, projetamos que vamos ultrapassar a marca dos R$ 20 bilhões. Se houver demanda superior a esse valor vamos buscar ainda mais recursos”, assegura.

O secretário nacional da Agricultura Familiar diz que assentados e micro e pequenos produtores do país buscam, em sua maioria, o crédito principalmente para fazer investimentos em seus empreendimentos e dessa forma melhorar sua produtividade. “Geralmente, o volume demandado para investimentos tem sido superior ao destinado para custeio”, comenta.

Entretanto, Bianchini relata que de um total de aproximadamente 4 milhões de agricultores familiares e assentados no Brasil, cerca de 1,5 milhão ainda têm dificuldade para acessar o crédito, por vários motivos, entre eles, a inadimplência em contratos anteriores e a falta de informações e orientação.

“Para aumentar a abrangência da concessão do crédito e a orientação ao produtor, está sendo criada uma agência nacional de assistência técnica e orientação rural. Com mais informações e orientação, os agricultores familiares vão acessar com mais facilidade o crédito e participar de outras iniciativas que estimulam a produção e a geração de renda, como o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], o Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o Pnpb [Programa Nacional de Produção do Biodiesel]”, explica.

Outro lado
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul (Fetagri/MS), Valdinir Nobre de Oliveira, ao analisar a concessão de crédito para a agricultura familiar no país criticou os valores que são liberados e a dificuldade dos assentados, micro e pequenos produtores para acessá-lo.

“Hoje quando uma família é assentada, recebe cerca de R$ 20 mil para estruturar sua produção no lote. Mas o valor é muito baixo, com esses recursos consegue produzir apenas para a subsistência da própria família. Não tem produção para vender e pagar o financiamento, com isso, ocorre a inadimplência no pagamento, o que afasta essa família de outras linhas de crédito agrícola”, aponta.

Oliveira ressaltou ainda que falta orientação para os produtores elaborarem projetos para a obtenção do crédito agrícola. “Atualmente o número de entidades que oferece assistência é pequeno e o número de técnicos dessas entidades também. Com isso, o produtor não consegue elaborar um projeto dentro das exigências técnicas e não consegue recursos para viabilizá-lo”, afirma.

Em Mato Grosso do Sul, conforme dados da Fetagri/MS e da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/MS), vivem 70 mil famílias de agricultores familiares, sendo que desse total, 30 mil são de assentados, em 179 assentamentos.

G1